Título: Mortes em naufrágio no Amazonas chegam a 34
Autor: Tavares, Hélida
Fonte: O Globo, 07/05/2008, O País, p. 13

Embarcação estava superlotada; pelo menos 13 pessoas ainda estão desaparecidas

MANAUS. O número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales, ocorrido no rio Solimões, no Amazonas, já é maior do que era esperado pelo Corpo de Bombeiros e pela Marinha. Até o início da noite de ontem, 34 corpos haviam sido encontrados flutuando nos rios e 13 pessoas ainda estavam na lista de desaparecidos.

Somente em um dia de buscas, foram 17 corpos resgatados, alguns foram encontrados na região do encontro das águas dos rios Negro e Amazonas. No início da semana, o Corpo de Bombeiros estimava que somente 30 pessoas estivessem desaparecidas.

¿ Já imaginávamos que os corpos iriam começar a boiar no rio, a partir de hoje (ontem), depois de 48 horas do acidente ¿ informou o comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, coronel Antônio Dias.

Esse naufrágio já pode ser considerado uma das maiores tragédias dos últimos dez anos nos rios do Amazonas, em razão da quantidade de mortes. As buscas por vítimas devem continuar até o final da semana.

A embarcação Comandante Sales retornava da comunidade Lago Pesqueiro e, após um ¿banzeiro¿ (espécie de onda curta), virou nas proximidades do município amazonense. A Polícia Civil começou ouvir os sobreviventes, que foram unânimes em dizer que a embarcação estava superlotada.

Até o momento, o excesso de passageiros é a única causa apontada pelas autoridades para o acidente. Segundo a Defesa Civil, o barco tinha capacidade para 70 passageiros e transportava mais de 100. Do total, os órgãos estimam que 50 conseguiram sobreviver, nadando até a margem do rio ou socorridos por outras embarcações.

Segundo a Capitania dos Portos, mais de 5 mil barcos navegam ilegalmente pela região, e 26 mil são inscritos para navegar. O órgão não tem estrutura nem pessoal para fiscalizar todo o território amazônico.

A Marinha informou que não acompanha questões sobre indenização aos familiares dos passageiros, principalmente, no caso da embarcação Comandante Sales, que não tinha autorização para navegar. De acordo com a Marinha, as vítimas podem ingressar com ações na Justiça contra herdeiros do proprietário da embarcação.