Título: MPF pode apurar ligações entre ONGs e fraude no BNDES
Autor: Gripp, Alan ; Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 09/05/2008, País, p. 3

Ex-sindicalista preso pela PF fez doação a entidade presidida por mulher de Paulinho

Soraya Aggege e Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO. O Ministério Público Federal poderá abrir nova frente de investigações na Operação Santa Teresa, para saber se ONGs ligadas à Força Sindical receberam repasses de verbas do esquema. A Polícia Federal investiga suspeitas de que o lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) e ex-conselheiro do BNDES, preso dia 24, coordenaria o esquema.

A Polícia Federal encontrou um comprovante de depósito bancário feito por Moura, no valor de R$37,5 mil, em favor da ONG Meu Guri Centro de Atendimento Biopsicossocial, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. Moura aparece no site da ONG como um dos seus doadores.

- Temos conhecimento informal do caso. Em 15 ou 20 dias, teremos novas análises- disse a procuradora Adriana Scordamaglia.

Moura foi coordenador de qualificação profissional da Força, que até 2005 recebia repasses do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Os repasses foram suspensos por determinação do Tribunal de Contas da União, após constatação do uso irregular das verbas. Desde então, a entidade se ligou a várias ONGs , como a DataBrasil, que tem vínculos com a Meu Guri.

A ONG Meu Guri tem sede em Mairiporã, na Grande São Paulo, na Serra da Cantareira. Antes de ter sede própria, funcionou na Zona Norte da capital paulista, no bairro Tucuruvi, na Avenida Guapira, num prédio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, e até hoje tem atividades no local. Ontem, O GLOBO foi recebido no prédio por um segurança que chamou o responsável pela entidade, Luiz, que afirmou não estar autorizado a dar informação e pediu que a reportagem procurasse a Força Sindical