Título: Fundo soberano deve começar com até US$20 bi
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 07/05/2008, Economia, p. 23

Objetivo do governo é dar apoio financeiro a empresas brasileiras com atuação no exterior

BRASÍLIA e RIO. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou ontem que o fundo soberano que está sendo desenhado pelo Ministério da Fazenda dará apoio às empresas brasileiras no exterior, para financiar prestação de serviços e ampliação das atividades. Segundo ele, o BNDES estuda criar ainda uma subsidiária no exterior, para apoiar empresas brasileiras em atividade fora do país. Segundo fontes, o fundo começará com um aporte entre US$10 bilhões e US$20 bilhões, recursos que serão comprados pelo Tesouro Nacional diretamente no mercado.

Segundo o modelo em fase final de acabamento, o mecanismo soberano de financiamento seguirá um modelo diferente dos demais 40 fundos existentes no mundo, voltados essencialmente a investimentos em aplicações rentáveis. Paulo Bernardo, porém, não quis entrar em detalhes sobre a subsidiária do BNDES. Informou apenas que ela poderá operar parte dos recursos do fundo soberano, mas não se limitará a essa atividade:

- Estamos discutindo a possibilidade de criar uma subsidiária do BNDES. Mas não há decisão. Ela pode trabalhar com o fundo, mas não será criada para isso.

A idéia de criação do fundo soberano brasileiro foi anunciada em novembro passado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo Bernardo, o dinheiro a financiá-lo seria adquirido no mercado financeiro e não a partir das reservas internacionais, que somam quase US$200 bilhões. Com isso, o Tesouro Nacional ajudaria a enxugar os dólares que estão circulando pela economia e ajudam a valorizar o real.

Financiamento poderá ter taxa de juros menor

Nos últimos meses, técnicos da Fazenda e do BNDES estiveram trabalhando sobre a proposta. Anteontem, Mantega voltou ao tema afirmando que o fundo será concluído até junho. Segundo Bernardo, a decisão de acelerar a criação do fundo foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última reunião da equipe econômica que discutia a política industrial.

- Ele acha que pode ser um instrumento para financiar nossas atividades na América Latina, na África e em outros países em que nossas empresas carecem de financiamento e apoio - disse Bernardo.

O objetivo do governo é remunerar o fundo por meio da cobrança sobre o valor emprestado à iniciativa privada. Mas o ministro sugeriu que os juros cobrados podem ser inferiores aos de mercado, uma vez que a lógica do governo não será necessariamente apenas o retorno financeiro.

A subsidiária do BNDES no exterior vai conceder financiamentos para ampliar as exportações das empresas brasileiras e ajudá-las em seus processos de internacionalização. Com sede no exterior, a subsidiária terá capacidade de captar recursos a taxas mais baixas.

Este mês, o banco inaugura um escritório de representação em Montevidéu. A idéia é estruturar operações de exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para os países quem integram o Mercosul.

COLABOROU Bruno Rosa