Título: Petros vai investir R$420 milhões na supertele
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 07/05/2008, Economia, p. 25
Presidente do fundo de pensão da Petrobras diz que entidade quer 10% das ações da empresa para ter poder de voto
A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, está investindo cerca de R$420 milhões na supertele, fruto da compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (ex-Telemar). Segundo Wagner Pinheiro, presidente da entidade, a quantia está dividida em duas fatias. A primeira delas, de R$360 milhões, se refere ao valor que recebeu ao vender sua parte na operadora das regiões Centro-Oeste e Sul do país e que foi aplicado em ações da Telemar Participações (dona da Oi). O restante, de R$60 milhões, representa dinheiro novo investido em papéis da companhia. Para ser criada, a supertele depende de mudanças na lei do setor.
Segundo Pinheiro, a Petros recebeu R$185 milhões com a venda da Invitel - controladora da BrT - à Oi. Além disso, o fundo ainda levou entre R$100 milhões e R$120 milhões em debêntures emitidas pela Telecom Italia, que tinha parte na BrT, e outros R$60 milhões em ações diretas da operadora. Porém, o presidente da Petros disse que foi necessário o aporte de mais dinheiro na Oi para ter uma participação relevante:
- A economia está crescendo e não queremos sair do setor de telecomunicações neste momento. O ativo deve se valorizar com o aumento da renda. Por isso, investimos mais para ter 10% da Telemar Participações. Somos um dos sócios estratégicos e, assim, vamos participar das decisões, mas a gestão ficará a cargo da AG (Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade), La Fonte (de Carlos Jereissati) e Fundação Atlântico (fundo dos funcionários da Oi).
Segundo Pinheiro, no acordo de acionistas da supertele, qualquer decisão terá de ter o aval dos fundos de pensão (além da Petros, participam Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, com 12,96%, e Funcef, da Caixa, com 10%) ou da BNDESPar - com 16,86%. A Fundação Atlântico, a La Fonte e a AG têm 50,18%. O orçamento global e a escolha do presidente terão de ser aprovados por 70% dos sócios. A venda de controle da empresa terá tag along integral (extensão aos acionistas minoritários do valor pago aos controladores) e deve ser aprovado por 84% dos sócios.
- Há um respeito societário. Os sócios fora do bloco de controle têm de aprovar qualquer decisão - diz.
Petros pretende aplicar em fundos imobiliários
Pinheiro também comemora o grau de investimento obtido pelo país na semana passada. Para ele, os fundos de pensão do Brasil vão se associar a fundos de países conservadores para, juntos, investirem no país. As parcerias acontecerão em setores como o de infra-estrutura e energia. Segundo Pinheiro, a Petros já recebeu visitas de fundos dos EUA (Nova York e Califórnia), Holanda e Austrália:
- Com mais investidores, todos os ativos vão se valorizar. Em grandes projetos, haverá união com fundos estrangeiros. Haverá maior procura por infra-estrutura, como rodovias, linhas de transmissão e energia. Pelos contatos que temos com fundos de pensão do exterior, a procura será forte. Na Holanda, os fundos têm o mesmo tamanho do PIB de seu país. Nos EUA, superam a casa dos trilhões.
Em 2008, a Petros, diz Pinheiro, pretende investir mais em renda variável e em renda fixa privada, como debêntures. A entidade acumula investimentos acima de R$38 bilhões:
- Vamos aplicar mais em Fundos de Participação no setor imobiliário, mas vamos usar instrumentos financeiros. Não vamos comprar prédios, pois não somos gestores de imóveis.