Título: Projeto para exportações é considerado tímido
Autor: Batista, Henrique Gomes; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 11/05/2008, Economia, p. 43

EMPURRÃO OFICIAL: Plano do governo prevê que Brasil ocupe 1,25% do comércio mundial daqui a dois anos

Meta é aumentar vendas em 30%, para US$210 bi. Percentual é menos da metade do avanço nos últimos 3 anos

BRASÍLIA. Se a política industrial pretende levar a economia brasileira a recordes de produção e investimento, no segmento de comércio exterior, as metas são consideradas tímidas por especialistas. As medidas são para ampliar as vendas brasileiras ao exterior para US$210 bilhões em 2010 - ou 30,7% sobre os US$160,649 bilhões de 2007 -, mas isso corresponde a menos da metade do aumento das exportações nos últimos três anos. Elas saltaram 65,5% desde 2004, quando somaram US$96,475 bilhões.

- Para se chegar a US$210 bilhões, não é preciso política de incentivo alguma. No ano passado, nossas vendas cresceram 17% - disse o economista Leonardo Miceli, da Tendências Consultoria, para quem as exportações brasileiras serão de US$227 bilhões em 2010.

Atingido o patamar de US$210 bilhões em 2010, outra meta da política industrial será cumprida: as vendas brasileiras representarão 1,25% do comércio mundial. Embora acima da participação atual, de 1,1%, esse índice não será recorde: em 1984 foi de 1,4%.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressaltou, porém, o Brasil não tem qualquer controle sobre o preço das commodities, o grande motor das vendas nacionais.

- Para termos resultados mais estáveis, temos de aumentar a venda de manufaturados. É necessário uma grande reforma tributária, não uma reunião de tributos, como está sendo proposto - disse, lembrando que há deficiências de infra-estrutura em áreas estratégicas, como a de portos, pois alguns já estão perto do colapso.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato, não acha a meta de US$210 bilhões conservadora:

- É preciso ser herói para exportar no Brasil.