Título: PT quer ampliar reforma
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2009, Política, p. 5

Petistas sugerem incluir pontos polêmicos como fim da reeleição e mandatos coincidentes. Iniciativa ameaça planos do presidente da Câmara de acelerar votação dos temas consensuais

O PT pode atrapalhar os planos do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), de acelerar a reforma política. O partido quer estender a discussão para temas polêmicos, como a coincidência da eleição de prefeito com governador e o fim da reeleição, não ficando no consenso já acertado com outros líderes: financiamento público de campanha e voto em lista fechada.

Os petistas acreditam não ser suficiente limitar-se a essas duas discussões. O líder da bancada, Cândido Vaccarezza (SP), defende a necessidade de discutir a legislação eleitoral como um todo para não ficar a reboque de decisões do Tribunal Superior Eleitoral. ¿Vamos discutir o voto em lista, financiamento público, mas também a legislação eleitoral, a fidelidade partidária, coincidência ou não de mandatos, fim da reeleição¿, afirma o petista.

Para a oposição, esse discurso tem cheiro de um tema nada agradável: o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿Temos que estar preparados para possíveis golpes porque isso não é reforma política, é atitude golpista e chavista¿, diz o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), referindo-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que conseguiu aprovar as reeleições infinitas.

A oposição também não tem o menor interesse em discutir o projeto de fidelidade partidária apresentado pelo governo. Proposta aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça limita o troca-troca de legendas a um período de um mês, um ano antes da eleição. ¿O projeto da janela é para esvaziar as oposições e criar um balcão de negócios de 30 dias¿, afirma Caiado.

Negociação Com essa dificuldade colocada, a aprovação das propostas de Temer fica mais difícil, apesar de o PT ser favorável ao financiamento público e ao voto em lista fechada, assim como o DEM e o PMDB. O presidente da Câmara convocou os líderes partidários a se dedicarem à reforma política e decidiu-se dar fôlego aos temas que considera consensuais. O PSDB marcou reunião para debater a necessidade dos pontos de reforma e considera o financiamento público o mais simples. Ainda há discussão sobre o voto em lista fechada. O partido é um pouco reticente em relação à ideia que dá à legenda a prerrogativa de indicar a lista de nomes prioritários de candidatos que disputarão a eleição. ¿Vamos reunir a bancada na terça-feira e conversar um pouco. Tem muitos deputados que defendem o voto em lista, é um começo pelo menos, e outros que não. É o momento de avançar¿, afirma o líder do PSDB, José Aníbal.

O petista Vaccarezza também enxerga dificuldades em outros partidos governistas. ¿O problema é com a base aliada e outros partidos, é preciso fazer a discussão com cuidado¿, diz o líder, que evita nomear os obstáculos. Mas partidos menores, como PR, PTB, PSC, desejam adiar essa discussão. Os líderes pretendem arrefecer os ânimos propondo que as mudanças passem a valer a partir de 2014. ¿Está se criando um consenso, não estamos discutindo para a próxima eleição, isso é para o futuro. Ou seja, não mexe com interesses imediatos¿, afirmou Cândido Vaccarezza. Temer sabe das dificuldades e promete votar esses pontos mesmo sem consenso. Ele também defende que as alterações fiquem para 2014. ¿Vamos fazer uma reforma política no país¿, disse, em São Paulo.\`