Título: Focus: déficit de US$18 bi em 2008
Autor: Rangel, Juliana; Ribeiro, Efrém
Fonte: O Globo, 06/05/2008, Economia, p. 21

Economistas prevêem um rombo maior nas contas do governo este ano

BRASÍLIA. O surpreendente déficit em transações correntes de março - recorde de US$4,4 bilhões, contribuindo para um rombo acumulado de US$10,757 bilhões no primeiro trimestre - deteriorou ainda mais as expectativas para as contas externas do Brasil. Os economistas das cem maiores instituições financeiras do país, ouvidos pelo Banco Central (BC) na sexta-feira passada, indicaram que 2008 deve encerrar com um saldo negativo de US$18 bilhões. Na semana anterior, a expectativa era US$16,6 bilhões.

A previsão de 2008 para a conta corrente seguiu o curso de 23 semanas de revisões negativas. No início deste ciclo, na pesquisa de 23 de novembro, a expectativa era a que o saldo da conta corrente fosse superavitário em US$2 bilhões este ano. Para 2009, após uma temporada de calmaria, o número mudou acentuadamente, subindo de um rombo de US$22 bilhões para um de US$25 bilhões.

Analistas prevêem que PIB este ano será de 4,66%

Na contramão, o grau de investimento recentemente obtido pelo Brasil ainda não impulsionou as projeções para cima do investimento estrangeiro direto - fundamental para financiar o balanço de pagamentos daqui em diante. Os economistas do mercado mantiveram, pela sexta semana consecutiva, a previsão de que estes ingressos de recursos fecharão o ano somando US$30 bilhões. Houve, porém, uma melhora na expectativa do investimento estrangeiro direto para 2009, que passou de US$26,7 bilhões há um mês para US$29 bilhões no levantamento do dia 2 de maio.

A maré negativa acompanha o movimento da balança comercial, que até o início do segundo semestre do ano passado financiava a conta deficitária de serviços, mas agora não consegue fazer frente à explosiva expansão das remessas de lucros e dividendos. A projeção do superávit no comércio exterior caiu de US$26,05 bilhões para US$25 bilhões em 2008 e apresentou retração de US$20 bilhões para US$16,95 bilhões no ano que vem, segundo as duas últimas pesquisas do BC.

Ainda segundo pesquisa o Focus, o IPCA deve fechar o ano em 4,86%, contra 4,79% da sondagem anterior. A expectativa está acima do centro da meta oficial de 4,5% estabelecida pelo governo. Para 2009, passou de 4,4% para 4,49%.

A previsão de expansão do Produto Interno Bruto para 2008 subiu de 4,6% para 4,66%. Já a estimativa para os juros foi mantida em 13% este ano, e reduzida para 11,5% em 2009.