Título: Petrobras adia anúncio de balanço
Autor: Frisch, Felipe ; Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 09/05/2008, Economia, p. 38

Ações da estatal chegam a cair 1,2% durante o dia. Analistas projetam queda no lucro

Felipe Frisch e Juliana Rangel

A Petrobras adiou a divulgação dos seus resultados financeiros e operacionais relativos ao primeiro trimestre de 2008, que aconteceria hoje, em Salvador, para a próxima segunda-feira, dia 12, no Rio, após o encerramento do pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com isso, as ações da estatal chegaram cair 1,22%, apesar de o petróleo no mercado internacional ter se aproximado dos US$124 por barril, um novo recorde. No fim do dia, os papéis preferenciais (PN) fecharam em alta de 0,33%.

Alguns analistas atribuíram a queda durante o dia à desconfiança do mercado em relação à alteração da data de divulgação do resultado, que viria pior que o esperado. A corretora Banif Investment Banking, por exemplo, projeta um lucro líquido de R$4,383 bilhões para a Petrobras no primeiro trimestre. O número representa um aumento de 11% em relação ao ganho do primeiro trimestre de 2007, mas também uma queda de 13% em relação aos últimos três meses do ano passado, em função de estimativa de redução na produção e de maiores gastos com a importação de diesel.

A estatal garante, no entanto, que a mudança da data ocorreu por causa da dificuldade da empresa de conciliar a agenda de todos os seus conselheiros, que se reuniriam em Salvador para aprovar os resultados antes da divulgação. O anúncio do balanço sempre ocorre logo após a reunião do Conselho de Administração, para evitar vazamento dos números ao mercado.

A capital baiana foi escolhida por causa da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer a primeira solda do último trecho do Gasene, gasoduto que ligará o Sudeste ao Nordeste do país. Alguns dos diretores, além do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, estarão presentes ao evento.

Corretora Ágora espera lucro maior no 1º trimestre

Segundo um operador, o movimento das ações da estatal, em descompasso com a alta do petróleo, também pode estar relacionado ao vencimento de opções - contratos em que se adquire o direito de vender ou comprar uma ação a um determinado preço -, em que quem quer vender (aposta na queda das ações) pressiona para desvalorizar os papéis.

Luiz Otávio Broad, analista de petróleo da corretora Ágora, é mais otimista: espera um lucro de R$5,7 bilhões no período, 38% superior ao primeiro trimestre de 2007. Segundo ele, a diferença se deve a uma despesa não-recorrente no ano passado, de R$900 milhões, devido ao balanço do fundo de pensão da estatal, Petros.

- Além disso, neste ano, o real teve menor valorização no primeiro trimestre do que no mesmo período de 2007. E isso é bom para a Petrobras, porque ela tem mais ativos em dólar do que passivos. Quando o dólar cai, ela tem perda financeira - diz Broad.