Título: Dirceu nega participação no vazamento e elogia Aparecido
Autor: Jungblut, Cristiane; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 10/05/2008, O País, p. 5
Ex-ministro diz que funcionário da Casa Civil é "sério e competente"
BRASÍLIA. O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu reagiu com irritação ao envolvimento de seu nome no escândalo do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quinta-feira à noite, quando o "Jornal Nacional" revelou que quem vazara o dossiê foi José Aparecido Nunes Pires, ligado ao ex-ministro, Dirceu recusou pedidos de entrevista e se dedicou em silêncio a montar a estratégia de defesa. Ontem de manhã, às 10h em ponto, publicou nota em seu blog para negar qualquer participação no episódio. Dirceu também refutou a ligação com Aparecido, mas elogiou o ex-assessor, a quem chamou de "profissional sério, competente e correto".
"José Aparecido não é nem meu aliado nem meu ex-assessor e nem homem de Dirceu (...) José Aparecido é secretário de Controle Interno da Casa Civil, nomeado por um ex-ministro da pasta e mantido por sua sucessora".
No texto, Dirceu diz que Aparecido "deu provas de seu profissionalismo e espírito público" nos 30 meses em que foi chefiado por ele na Casa Civil, até ser afastado, em 2005, no escândalo do mensalão. "Parece-me, assim, totalmente inverossímil que um petista histórico, como a imprensa registra, envie para um senador da oposição, via um assessor, documento com dados que seriam usados contra o governo e seu partido, como o foi (sic) durante esses dois últimos meses em campanha da mídia e da oposição sobre o chamado "dossiê" e o uso dos cartões corporativos", diz a nota.
Ontem, amigos de Dirceu no Congresso também tentaram desvinculá-lo do escândalo. O relator da CPI do Cartão Corporativo, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse não acreditar que Aparecido tenha vazado os dados em poder da Casa Civil a mando do ex-ministro.
- Isso é uma versão fantasiosa. Quando foi para o Palácio, o Zé convocou diversas pessoas para trabalharem com ele, e nem todas podem ser descritas como seus assessores - disse Luiz Sérgio, que também descartou a possibilidade de fogo amigo de Dirceu contra Dilma. - Isso é inadmissível para a cabeça de um petista.