Título: PF pede quebra de sigilo de ONGs ligadas à Força
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 13/05/2008, O País, p. 5

Para polícia, entidades movimentaram dinheiro da quadrilha que cobrava propina para liberar verba do BNDES

Ricardo Galhardo

SÃO PAULO. A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal das ONGs Meu Guri e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador - Luta e Solidariedade. As duas entidades, ligadas à Força Sindical, são suspeitas de terem recebido dinheiro do esquema de cobrança de propinas para liberação de empréstimos junto ao BNDES, investigado pela Operação Santa Teresa.

No pedido, o delegado Rodrigo Levin, que chefia a operação, argumenta que as ONGs movimentaram grandes somas do BNDES e receberam dinheiro de alguns dos envolvidos no esquema. A PF desconfia que as ONGs tenham sido usadas para movimentar dinheiro da quadrilha.

O Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, presidido por Elza Costa Pereira, mulher do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), recebeu R$1,3 milhão do BNDES. A maior parte dos recursos foi liberada em 2002 e 2003, quando o lobista João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho, era conselheiro do BNDES, indicado pela Força Sindical.

A Meu Guri também tem parcerias com o Instituto Databrasil, que recebeu R$6 milhões do Ministério do Trabalho. O titular do ministério, Carlos Lupi, é do PDT, assim como o deputado Paulinho.

Além disso, a PF encontrou o recibo de um depósito de R$37,5 mil feito por João Pedro para a ONG Meu Guri. Os investigadores desconfiam que o dinheiro pode ter saído do esquema de cobrança de propinas. João Pedro, que ainda é consultor da Força Sindical e se apresentava como assessor de Paulinho, está preso desde 24 de abril. Ele é suspeito de fazer a intermediação entre a quadrilha e prefeituras interessadas em financiamentos do BNDES.