Título: Entidade recebeu cheque de suspeito
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Fonte: O Globo, 13/05/2008, o País, p. 5
ONG dirigida por vice-presidente da Força também será investigada
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Durante a Operação Santa Teresa, a Polícia Federal encontrou na casa do empresário Marcos Vieira Mantovani, preso sob a acusação de integrar a quadrilha que cobrava propina para liberar empréstimos do BNDES, o canhoto de um cheque de R$82 mil. O rastreamento mostrou que o cheque foi para a ONG Luta e Solidariedade, dirigida pelo sindicalista Eleno José Bezerra. Vice-presidente da Força Sindical, Eleno é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, cuja tesoureira é Elza Pereira, mulher do deputado Paulo Pereira da Silva e presidente da ONG Meu Guri. O endereço da Luta e Solidariedade é o mesmo do sindicato. A PF desconfia que as ONGs foram usadas para movimentar as propinas.
Na semana passada, o deputado negou irregularidades no repasse de dinheiro do BNDES para a ONG da mulher. Os R$37,5 mil depositados pelo lobista João Pedro de Moura fariam parte da venda de um imóvel que não se concretizou. Elza assinou autorização para a quebra do sigilo bancário da entidade.
Eleno Bezerra negou que tenha ligação com a ONG Luta e Solidariedade. A Justiça ainda não analisou o pedido de quebra de sigilo feito pela PF.
"O que não se pode é prejulgar", diz pedetista
Em Brasília, o presidente interino do PDT e líder do partido na Câmara, Vieira da Cunha (RS), disse que a Câmara deveria aguardar manifestação do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para tomar providências em relação ao envio ou não de representação ao Conselho de Ética. Para Vieira da Cunha, os elementos não são sólidos para formar juízo sobre o caso.
- A decisão da Procuradoria-Geral vai balizar a atitude não só do partido, mas da própria Câmara. Seria prudente aguardar a manifestação do Ministério Público. O PDT não compactua com atos de corrupção, mas o que não se pode é prejulgar.