Título: Paulinho admite que preso ainda é consultor da Força
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 10/05/2008, O País, p. 11
EMPRÉSTIMOS SOB SUSPEITA: "É armação política", diz ele
Deputado nega propina e abre sigilo bancário de ONG
SÃO PAULO. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, presidente da Força Sindical, se contradisse ontem ao explicar a origem de um depósito de R$37,5 mil na conta da Ong Meu Guri, presidida pela sua mulher, Elza Pereira, feito por seu ex-assessor João Pedro de Moura, preso na Operação Santa Teresa, que investiga fraudes em empréstimos do BNDES.
O deputado revelou que Moura não trabalha mais com ele, mas presta serviço, como consultor, à direção estadual da Força. Sobre o depósito, primeiro disse que ele foi feito para pagar dívidas de um imóvel doado por Moura ao Meu Guri. Depois, concordou com o advogado da Força, Antonio Rosella, dizendo que, por causa das dívidas, o imóvel foi devolvido e o ex-assessor fez uma doação com o mesmo valor.
Paulinho disse que não tem participação nos desvios de recursos no BNDES, alvo da investigação da PF. Negou envolvimento com Moura, ex-conselheiro do banco. Disse que não sabe detalhar o serviço prestado por Moura à Força Sindical.
- Ele não era meu assessor. A empresa dele é que tem um contrato com a Força estadual.
Também negou que tenha indicado João Pedro para integrar o conselho do BNDES:
- Quem indicou o João Pedro foi a Força Sindical, não eu. Eu só assinei a indicação. João Pedro era apenas um dos conselheiros. Um conselheiro sozinho não consegue liberar dinheiro - afirmou Paulinho.
Ele negou que conheça o consultor Marcos Vieira Mantovani, em cuja empresa foram apreendidos documentos falando da divisão da propina da quadrilha. E disse que sua ligação com o coronel Wilson Consani, que teria se referido a Paulinho como "chefe maior" do esquema, foram apenas em função dos preparativos para a festa do 1º de Maio da Força Sindical.
Paulinho lembrou que colocou seus sigilos fiscal, telefônico e bancário à disposição da Justiça e afirmou que seu envolvimento no caso está sendo explorado por quem está insatisfeito com sua atuação na Câmara dos Deputados.
- É uma grande articulação contra os trabalhadores. É armação política - afirmou, sem dizer quem estaria por trás dessa articulação.
Sobre o fato de ter recebido recursos do BNDES para construir a sede do Meu Guri, na Grande São Paulo, afirmou:
- A imprensa publicou informação errada. O BNDES cedeu ao Meu Guri R$1,328 milhão e não R$1,2 milhão. Este é o contrato com o BNDES. Esses recursos foram sendo liberados de acordo com a construção - afirmou, lembrando que foram gastos cerca de R$4 milhões na obra, pagos com doações de trabalhadores e empresários.
Ao lado do marido, Elza de Fátima Costa Pereira, presidente do Meu Guri Centro de Atendimento Biopsicossocial, assinou autorização para que seja aberto o sigilo bancário da ONG.
- O investimento foi auditado pelo BNDES. O Meu Guri não tem nada a esconder.