Título: Energia brasileira irá para o Uruguai
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 10/05/2008, Economia, p. 36

Volume exportado para a Argentina será repassado ao vizinho a partir de hoje

BRASÍLIA. Os 300 megawatts (MW) médios de energia que o Brasil começa a exportar hoje para a Argentina serão repassados ao Uruguai, que está em situação mais crítica que o vizinho. A solicitação foi feita pelos argentinos e recebeu sinal verde do governo brasileiro. Atualmente, o Brasil exporta somente 72MW médios de energia para o Uruguai, que é a capacidade máxima da linha de transmissão que interliga os dois países.

A quantidade de energia que será exportada para a Argentina - produzida por usinas termelétricas movidas a óleo diesel e combustível - poderá chegar a 800MW médios no fim da próxima semana, como anunciou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Mas é possível que o volume exportado seja ainda maior. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deverá se reunir nos próximos dias para fazer uma nova avaliação da situação de abastecimento brasileira e poderá aumentar o teto para 1.500MW médios.

A exportação de energia será possível porque, no último dia 5, foram desligadas definitivamente as termelétricas movidas a óleo combustível e a diesel, que estavam em funcionamento no Brasil desde dezembro do ano passado e geravam entre 2.200 e 2.500MW médios. Ainda estão em funcionamento as termelétricas movidas a carvão e a gás natural, com capacidade de 3.600MW médios. Todas foram acionadas no início do ano, quando houve uma seca inesperada, e os reservatórios das hidrelétricas chegaram a um nível crítico.

Governo avalia exportar energia de hidrelétricas

O governo brasileiro também avalia exportar energia oriunda de usinas hidrelétricas. No próximo dia 14, termina a consulta pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a proposta de envio de energia hidráulica para a Argentina. Não existia até agora resolução alguma com as normas para esse tipo de exportação.

A proposta define os critérios que deverão ser seguidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O envio de energia será feito em caráter excepcional e passível de interrupção entre maio e agosto deste ano, e estará condicionada à segurança de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). O volume de energia terá que ser devolvido ao Brasil entre setembro e novembro.

A geração virá das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste. Se houver redução dos níveis dos reservatórios em conseqüência da exportação de energia, isso não será considerado na formação do preço do mercado de curto prazo no Brasil.