Título: Gim fortalecido no Planalto
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2009, Política, p. 14

Em alta com o presidente e também dentro do Congresso, o petebista trabalha de olho no Buriti. Por isso, esforça-se para abrir canais de negociação com partidos como PT e assim ganhar mais visibilidade

Gim Argello, com Jucá (c) e Mercadante: um dos senadores com relação mais próxima ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) Na última quinta-feira, a Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou a indicação do ex-secretário do Trabalho Ivo Borges para a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Com a experiência na área resumida à chefia do setor administrativo da Rodoviária de Brasília, o assistente social não deverá sofrer turbulências para ter o nome confirmado também pelo plenário do Senado. Os motivos não são apenas suas credenciais pessoais, mas o prestígio que o padrinho político, o senador Gim Argello (PTB-DF), conquistou em menos de dois anos de mandato.

Gim chegou ao Congresso em agosto de 2007, depois de uma crise que derrubou Joaquim Roriz (PMDB). Em pouco tempo, no entanto, ele conseguiu se firmar mais no cenário nacional do que o ex-governador. Despacha num gabinete com vista para o Palácio do Planalto, no anexo do Senado onde apenas o alto clero tem o privilégio de se acomodar. No bolso, o parlamentar de Brasília tem vários cartões de visita, cada um com uma credencial: é vice-presidente nacional, presidente regional e líder do PTB no Senado, além de vice-líder do governo na Casa. Integra as duas principais comissões do Senado, a de Constituição e Justiça e de Assuntos Econômicos. Na semana passada, recebeu um convite do Palácio do Planalto para se tornar também líder do governo no Congresso. Recusou porque a nova função tiraria tempo para as costuras políticas com vistas a 2010.

Com um partido nas mãos, Gim trabalha para entrar nadisputa ao Governo do Distrito Federal. Ele tem mandato garantido até fevereiro de 2015 e aposta que a candidatura só lhe dará dividendos políticos. Para demonstrar viabilidade, o senador mostra uma pesquisa registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que o coloca com a rejeição mais baixa entre os pré-candidatos. A ideia tira o sossego de alguns políticos pelo efeito que poderá causar. Pelo perfil, Gim tira votos de Roriz e também pode puxar alguns eleitores do governador José Roberto Arruda (DEM), principalmente em Taguatinga e Vicente Pires, onde o petebista cresceu. Numa disputa acirrada, cada ponto percentual pode mudar o resultado da eleição. Por conta disso, a participação dele na campanha é vista com bons olhos por petistas.

Na última sexta-feira, enquanto almoçava num restaurante no Lago Sul, Gim recebeu uma ligação do presidente do PT-DF, Chico Vigilante, que queria lhe dar os parabéns pela aprovação do nome de Ivo Borges no Senado. Assim que desligou o celular, ele ouviu uma frase carinhosa: ¿Meu governador, meu senador¿. Era a ex-deputada distrital Lúcia Carvalho, gerente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Gim também circula bem entre os petistas mais graduados. Ninguém duvida da proximidade que mantém com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível candidata do PT à sucessão presidencial. ¿Ela é uma mulher muito inteligente e preparada¿, elogia.

Articulação Vizinho de Dilma, o senador que mora no Conjunto Zero da QL 12 do Lago Sul, ao lado da Península dos Ministros, já foi visto em caminhadas matinais com a ¿mãe do PAC¿. No Congresso, é um dos senadores com relação mais próxima ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), principalmente depois de ter sido um dos coordenadores da campanha dele ao comando da Casa. Passou também por Gim a articulação para a eleição do senador Fernando Collor (PTB-AL), como presidente da Comissão de Infraestrutura.

Como tem casa confortável em Brasília, ele é anfitrião de vários encontros políticos e acaba se tornando o mentor de reconciliações. Foi o que aconteceu, por exemplo, há umas duas semanas quando ofereceu a sala de sua casa para uma reaproximação entre o deputado Geraldo Magela (PT-DF), o senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator-geral do Orçamento de 2010 e presidente da Comissão Mista de Orçamento, respectivamente, além do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Eles não se cumprimentavam. Aos que lhe perguntam como conseguiu crescer tão rápido, Gim responde: ¿Nada resiste à força do trabalho¿. O senador não para nunca. Recebe mais de 80 ligações no celular por dia e escala os sábados para retornar as chamadas não atendidas. Coloca sua experiência em todos os meandros do GDF a serviço dos parlamentares de outros estados e está sempre resolvendo favores para os colegas. Atende todos com um tradicional: ¿Para você nunca estou ocupado¿.