Título: Ministra diz que ela foi a vítima do vazamento
Autor: Jungblut, Crisitiane; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 08/05/2008, O País, p. 12

Oposição perde o rumo e base comemora desempenho de Dilma

BRASÍLIA. Os preparativos e manobras da tropa de choque governista para blindar a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foram desnecessários, diante do fraco desempenho da oposição. Dilma elogiou a iniciativa do Senado em convidá-la e comemorou o resultado:

- Para mim foi um momento muito importante, que só engrandece a democracia.

A ministra chegou a dizer que foi vítima do escândalo do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso. Começou dizendo que repetiria o que já afirmou sobre o assunto, evidenciando que foi treinada para o embate:

- Jamais aceitamos que tinha um dossiê feito a meu mando ou a mando de alguém. O que fizemos foi um banco de dados. Cheguei à conclusão de que era vítima (do vazamento) porque o que foi divulgado foram dados irrisórios. Prejudicava-me porque não tem sentido nenhum, porque são gastos legítimos.

Jucá diz que Dilma "foi aprovada com louvor"

Para os governistas, Dilma saiu vitoriosa, com mais experiência política para uma possível candidatura em 2010.

- O governo gostou muito, mas a oposição saiu daqui com uma grande dor de cabeça: a ministra Dilma se fortaleceu administrativa e politicamente; se fortaleceu mais ainda como um nome para a sucessão de 2010. Ela respondeu tecnicamente sobre o banco de dados, é vítima desse processo e foi aprovada com louvor - disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Para a oposição, Dilma deixou a desejar, porque não deu novas explicações sobre o dossiê e sobre quem o elaborou.

- Dou nota 5 para o desempenho dela. Ela deixou muita coisa sem responder e admitiu que existem obras fantasmas do PAC, que só existem no papel. A não ser pelo primeiro momento, não vejo porque essa comemoração toda da base - disse o senador Tasso Jereissati (CE), referindo-se ao episódio do líder do DEM, José Agripino Maia (RN), que criou um clima de constrangimento, ao lembrar que Dilma mentiu quando foi presa e torturada durante a ditadura.

A oposição perdeu o rumo logo no início da sessão, com o constrangimento causado por Agripino. A ministra se emocionou e passou à condição de vítima. Desestimulados, a maioria dos senadores da oposição fez perguntas sobre o PAC. Apenas Demóstenes Torres (DEM-GO) insistiu mais em questionar a elaboração do dossiê. Ele acusou a ministra de ter elaborado de forma ilegal o banco de dados. A ministra disse que a interpretação da Casa Civil era de que ela agiu dentro da lei, mas admitiu "levar em consideração a opinião de Demóstenes".