Título: Segundo o MP, deputado recebeu 20% dos recursos
Autor: Brígido, Carolina; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/05/2008, O País, p. 10

Jader se irrita com decisão e afirma que ela será revogada

BRASÍLIA. Segundo o Ministério Público, os donos da Imperador - Itelvino Pisoni, Vilmar Pisoni, Vanderlei Pisoni e Cristiano Pisoni -, juntamente com Daniel Rebeschini, negociaram com Jader Barbalho para o parlamentar influenciar na aprovação e na liberação dos recursos pela Sudam. Em retribuição, Jader teria recebido 20% dos recursos repassados para a empresa. Na época, ele era senador. A negociação foi realizada por intermédio de Amauri Cruz Santos.

A Imperador deveria investir do próprio bolso R$58 milhões de reais no projeto. Os outros R$58 milhões ficariam a cargo da Sudam. Para receber os recursos públicos, a empresa precisava comprovar que o projeto já estava em curso. O Ministério Público descobriu que isso foi feito com a apresentação de documentos falsos - notas fiscais, cheques, recibos e contratos. A documentação teria sido emitida por três empresas: Construtora Serra do Lageado, Montenal e Compresarial - Consultoria Empresarial.

Na decisão, o TRF ressalta que o pedido de bloqueio de bens é necessário para resguardar a possibilidade de devolução do dinheiro aos cofres públicos. A intenção do Ministério Público com a ação é específica: visa apenas ao ressarcimento do dinheiro. Não foi apontada prática de crime ou de ato de improbidade administrativa. Esse tema poderá ser discutido em uma outra ação, se ela for proposta, de caráter penal.

"É mais um show de pirotecnia do MP contra mim"

O deputado Jader Barbalho demonstrou irritação com a decisão do TRF. Mas disse que está tranqüilo, porque o Ministério Público conseguiu apenas uma liminar, que ainda precisa passar pelo crivo do plenário do tribunal.

- Quando a liminar tiver seu mérito julgado pelo pleno, vou sustentar que em sua decisão o juiz de Tocantins disse que não tinha cabimento pedir a devolução de um dinheiro, já que não tem inquérito judicial concluído nem ação penal. Não sou nem acusado do crime, como podem me pedir para devolver esse dinheiro? No mérito, quem tem razão sou eu. Mas o show não pode terminar, e eles recorreram a Brasília, conseguindo essa liminar - reagiu Jader.

O deputado disse que vem sofrendo perseguição "implacável" do Ministério Público. E acredita que, desta vez, a liminar não vai se sustentar:

- O juiz de Tocantins considerou o pedido absurdo e incabível. Estão recorrendo de uma decisão anterior, na qual foram derrotados. É mais um show de pirotecnia do Ministério Público contra mim. Meu nome há muito tempo é doce nesse tema. Como cobrar de alguém algo se sequer inquérito concluído há?