Título: Planalto ainda tenta fechar acordo para saída voluntária de Aparecido
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 14/05/2008, O País, p. 14
Dirigentes petistas negociam com o secretário de Controle Interno
BRASÍLIA. Apesar dos entraves burocráticos, o Palácio do Planalto ainda está otimista em relação a um acordo de procedimentos com secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, acusado de vazar o dossiê com os gastos secretos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O entendimento com o secretário está sendo negociado por dirigentes petistas. E Aparecido está sendo monitorado por integrantes do governo, inclusive pelo advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, de quem foi colega da Casa Civil. Toffoli foi subsecretário de Assuntos Jurídicos na gestão José Dirceu.
Só depois de uma conversa com Toffoli é que Aparecido escolheu o advogado Eduardo Toledo para fazer sua defesa no episódio do vazamento. O Planalto já estaria convencendo Aparecido que ele só teria a perder se decidisse sair atirando do governo. Por isso, aguarda-se que o próprio Aparecido decida sobre sua forma de afastamento do cargo de confiança, apesar do desconforto da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com sua permanência no governo.
A amigos Aparecido já teria confidenciado que teme ficar isolado, já que suas relações são todas no PT. Segundo um petista que está envolvido nas negociações, é pouco provável que o secretário de Controle Interno decida ir para o confronto neste momento. Por esse relato, o próprio advogado Eduardo Toledo aconselhou o cliente a ficar em silêncio e salvar sua pele.
Aparecido chegou a manifestar a interlocutores o desejo de tirar férias para só depois anunciar sua saída da Casa Civil, proposta que teve resistência do Planalto. Embora o governo tente negar acordo com Aparecido, um auxiliar do presidente Lula deixou claro ontem a disposição do Planalto em negociar os termos de sua saída do governo:
- Não vamos criar um inimigo. Isso não ajuda em nada.