Título: Aliados convocam secretário que vazou dossiê
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 14/05/2008, O País, p. 14
Governistas deixam claro, porém, que vão barrar presença de Dilma Rousseff e de Erenice Guerra na CPI
BRASÍLIA. A base aliada decidiu aprovar ontem na CPI do Cartão Corporativo a convocação do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, mas seus representantes na comissão deixaram claro que vão barrar a ida à CPI da ministra Dilma Rousseff ou de Erenice Guerra, seu braço direito na Casa Civil. E antes de ouvir José Aparecido na CPI, os governistas querem conhecer o potencial do homem-bomba. Por isso aprovaram também o pedido dos depoimentos de Aparecido e de André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), à Polícia Federal.
- Não insistam. A Dilma e a Erenice não vão ser convocadas de forma alguma, porque nós não vamos fazer o jogo da oposição - vociferou, com murros na mesa, o deputado Sílvio Costa (PMN-PE).
- A convocação de qualquer outro servidor da Casa Civil será uma tentativa da oposição de causar mais desgaste político ao governo - emendou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Vic Pires (DEM-PA) reagiu pela oposição:
- Depois disso tudo, vem um deputado e bate na mesa, achando que nós somos os bobos da corte. Não somos. Só trouxeram aqui peixe pequeno, como o coitado que gastou R$8 com a tapioca. A Dilma eles não trouxeram - disse, referindo-se ao ministro dos Esportes, Orlando Silva, que usou o cartão corporativo para comprar uma tapioca.
Em outra frente, a oposição tenta explorar a diferença entre os dados enviados pelo Banco do Brasil à CPI e ao Tribunal de Contas da União. A planilha mandada ao Congresso pelo BB, que administra o cartão corporativo, continha 1.016 despesas a menos, todas da Presidência e da PF. A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), demonstrou irritação ontem com isso:
- O caso é sério e induz o Congresso ao erro, porque a informação é falsa.
A oposição tentou convocar o presidente do BB, mas foi derrotada e perdeu por 9 a 3. Marisa prometeu pedir ao banco explicações por escrito. Mais tarde, os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) apresentaram a lista com os 1.016 itens que teriam sido subtraídos dos dados encaminhados pelo Banco do Brasil à CPI. Entre os itens omitidos estariam gastos idênticos aos incluídos no dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- A supressão se deu enquanto a CPI estava em pleno funcionamento, o que configura crime de responsabilidade - atesta Sampaio.
- Se sonegaram dados informatizados, imaginem só o que omitiram nas caixas que foram encaminhadas à CPI - emendou Índio.
COLABOROU Adriana Vasconcelos