Título: Brasil é 38º a criar fundo soberano. Maior do mundo é de emirado árabe
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 14/05/2008, Economia, p. 24
Ativos globais são hoje de US$3 tri, podendo chegar a US$12 tri em 2012
BRASÍLIA e NOVA YORK. O Brasil é o 38º país a criar um fundo soberano. Esse tipo de mecanismo, criado primeiro pelo Kuwait em 1953, destina-se a aplicar recursos dos países em ativos no exterior. Os fundos são compostos primordialmente por reservas internacionais e hoje reúnem algo em torno de US$3 trilhões. Eles investem tanto em multinacionais como em times de futebol. Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), as reservas desses fundos podem chegar a US$12 trilhões em 2012.
O Abu Dhabi Investment Authority, dos Emirados Árabes, é considerado o maior fundo soberano do mundo, com mais de US$800 bilhões. Se o fundo brasileiro chegar a US$ 20 bilhões, como o mercado especula, ficará em 17º no ranking mundial, atrás de Venezuela (US$22 bilhões) e à frente da Nigéria (US$17 bilhões).
O Libyan Arab Foreign Investment Company, na ativa desde 1981 e com US$50 bilhões, por exemplo, comprou participação no Juventus Futebol Clube, da Itália. Os países que possuem esses fundos são os mais variados. Desde Timor Leste, Venezuela e Nigéria até Chile, China e Estados Unidos.
O China Investment Corporation tem ativos de nada menos que US$200 bilhões e foi criado no ano passado. Além de ter participação na Visa, o fundo chinês segue uma tendência que tem preocupado países ricos: a capacidade de afetar a soberania de outras nações. Isso porque fundos soberanos têm sido responsáveis por investimentos em instituições que estavam em dificuldades, como ocorreu com o Citigroup e o Morgan Stanley. O China Investment Corporation detém hoje 9,9% do Morgan Stanley. Já o Citigroup recebeu mais de US$17 bilhões dos fundos de Abu Dhabi, Cingapura e Kuwait, o que equivale a 10% do capital.
Cingapura comprou participação no Barclays
Este ano Kuwait injetou US$6,6 bilhões no Merrill Lynch - que também obteve capital com o Korean Investment Corp., da Coréia, e japonês Mizuho Financial Group, este privado.
O Temasek Holdings, do governo de Cingapura, investiu US$2 bilhões na aquisição de uma participação minoritária no britânico Barclays. Outro fundo do governo de Cingapura, o GIC, comprou ontem uma fatia de 11% na empresa americana de energia AEI, por US$400 milhões. O GIC, o terceiro maior do ranking global, também injetou US$11 bilhões no banco suíço UBS em dezembro.
O Abu Dhabi Investment Authority pagou US$5,1 bilhões em janeiro pela empresa canadense de petróleo PrimeWest Energy Trust.
(*) Com agências internacionais