Título: Câmara vai investigar Álvaro Uribe por suborno
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Fonte: O Globo, 14/05/2008, O Mundo, p. 30

Deputados verificarão denúncia de que governo ofereceu cargos em troca de apoio à reeleição

BOGOTÁ. O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, vai ser investigado por um grupo de três parlamentares, a pedido da Suprema Corte de Justiça do país, para verificar uma denúncia de suborno em sua reeleição, em 2005. A presidente da Comissão de Investigação e Acusação da Câmara, Amanda Ricardo, designou ontem os deputados José Piamba (Partido Conservador) e Édgar Torres (Cambio Radical), da base governista; e Jaime Durán Barrera (Liberal), da oposição. Os três vão comprovar se há indícios para abrir uma investigação formal contra o presidente.

A investigação - que atende ao pedido da Suprema Corte e à denúncia apresentada pelo deputado Luis Carlos Avellaneda (Partido Pólo Democrático, de esquerda) - está relacionada ao caso Medina. Dias atrás, a ex-parlamentar Yidis Medina foi presa, após revelar que recebeu uma oferta de membros do governo para votar a favor da emenda constitucional permitindo a reeleição presidencial consecutiva.

Mas a escolha da comissão também gerou polêmica. Na semana passada, a Câmara havia designado o deputado Torres como o único investigador no processo. Mas a medida foi criticada pelo Partido Liberal, levando a comissão a designar mais dois deputados.

Torres foi então designado coordenador do grupo parlamentar de investigação, o que gerou nova crítica do autor da denúncia. Segundo , o deputado Avellaneda, Torres "já manifestou publicamente sua proximidade com Uribe".

- A comissão quis criar este triunvirato para lhe dar transparência - justificou Amanda Ricardo.

Segundo ex-deputada, promessa não foi cumprida

O voto de Medina foi considerado fundamental para a aprovação da emenda numa comissão da Câmara, em 2004. Na confissão, feita em troca de uma possível redução da pena pelo crime de corrupção, a ex-deputada disse que as ofertas foram feitas por vários funcionários do governo.

De acordo com Medina, eles lhe ofereceram a chance de indicar integrantes para três comissões em sua província se apoiasse a emenda para reeleição. Inicialmente, ela afirmou ainda que Uribe lhe pedira apoio e prometera honrar as promessas. Depois, voltou atrás, e disse que o presidente não tinha conhecimento do caso. Segundo ela, as ofertas jamais se concretizaram.

Para o presidente Uribe, essa pode ser uma nova fonte de dor de cabeça, já que dezenas de políticos da base de governo estão sendo investigados pelo escândalo da parapolítica.