Título: Interpol divulgará informe sobre Farc
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Fonte: O Globo, 14/05/2008, O Mundo, p. 30

Relatório dirá se arquivos de computador de líder morto foram adulterados

BOGOTÁ. O aguardado relatório da Interpol sobre os computadores do guerrilheiro Raúl Reyes será entregue às autoridades colombianas amanhã, em Bogotá. Reyes foi morto durante uma operação do Exército colombiano em território equatoriano no dia 1º de março, deflagrando uma crise entre os dois países.

Foram analisados laptops e discos rígidos de computadores usados pelo homem que era considerado o número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - e que revelariam laços entre a guerrilha e autoridades dos governos de Venezuela e Equador, segundo autoridades colombianas. O secretário-geral da organização, Ronald Noble, informará os resultados da investigação técnica, feita a pedido da Colômbia, para determinar se o conteúdo dos computadores foi alterado.

Segundo a Colômbia, os computadores mostrariam que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, enviou US$300 milhões para as Farc, e que o presidente do Equador, Rafael Correa, fez contatos com a guerrilha, através de emissários, para discutir assuntos como acordos para trabalhos em conjunto na fronteira e "regras" para freqüentar o território equatoriano.

O relatório vem sendo aguardado com grande expectativa e sua divulgação poderá gerar novas polêmicas. No domingo, Chávez elevou o tom contra a Colômbia e disse que os EUA estariam por trás do informe.

Ministro afirma que reunião com Farc teve aval de Bogotá

Um dia antes, o chanceler Nicolás Maduro acusara a existência de uma campanha de "terrorismo da mídia" contra a Venezuela, depois que os jornais "The Wall Street Journal" (EUA), "El País" (Espanha) e "El Nacional" (Venezuela) publicaram reportagens dizendo que os arquivos mostravam ligações de Chávez com as Farc. Segundo Maduro, esses veículos preparavam "um momento interessante" para a apresentação do relatório.

Ontem, o ministro do Interior venezuelano, Ramón Rodríguez Chacín, admitiu ter se reunido com chefes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e das Farc, incluindo seu líder, Manuel Marulanda. Mas afirmou que os encontros ocorreram com autorização de Bogotá e não deu detalhes sobre as reuniões. Ele descartou ainda a veracidade dos arquivos de Reyes.

- São válidas essas provas? Que tribunal no mundo vai recebê-las? - perguntou. - O que é a Interpol? Não será mais um mecanismo de dominação?

O presidente do Equador, Rafael Correa, por sua vez, disse não ter medo do que os computadores vão revelar.