Título: Caixa amplia prazo de pagamento e financia até 100% de imóvel usado
Autor: Ribeiro, Fabiana; Sallowicz, Mariana
Fonte: O Globo, 15/05/2008, Economia, p. 24

Novas regras valem para linha de crédito a famílias com renda até R$4.900

RIO e SÃO PAULO. A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou ontem, no primeiro dia do Feirão da Casa Própria em São Paulo, mudanças no financiamento com recursos do FGTS, direcionado a famílias com renda até R$4.900: já é possível financiar 100% - e não apenas 80% - do valor do imóvel usado de até R$130 mil. Além disso, o prazo foi ampliado de 25 para até 30 anos (o teto só vale para financiar 80%). O setor comemora a ampliação da fatia a ser emprestada e do tempo para se pagar ao banco. No entanto, especialistas prevêem aumento de até 5% no preço dos imóveis devido ao aumento da demanda.

Não houve mudanças nas taxas de juros - que variam de 6% a 8,16% ao ano, mais Taxa Referencial de Juros (TR). Os juros são reduzidos em 0,5% para os trabalhadores com mais três anos de depósitos no FGTS.

No pagamento em até 240 meses, o cliente pode financiar o valor total do imóvel. Até 300 meses, 90%. De 301 a 360 meses, até 80% da quantia.

De acordo com Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa, o perfil de quem faz o financiamento da casa própria vem mudando nos últimos anos:

- Jovens são os principais compradores e eles financiam o imóvel que cabe no bolso.

Pesquisa divulgada ontem aponta que pessoas de 26 a 35 anos representam 45% dos compradores. Em segundo lugar, quem tem de 36 a 45 anos (26%), e, em terceiro, quem tem até 25 anos (14%). Do total, 69% são homens e 31%, mulheres.

Na avaliação de João Teodoro, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cocefi), as mudanças no financiamento da Caixa devem provocar alterações nos programas dos demais bancos.

- Os consumidores devem ficar atentos ao que os outros bancos oferecem. E não deixar de comparar taxas e prazos - disse Teodoro, para quem a maior demanda pode elevar os preços em torno de 3%.

Para Casimiro Vale, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio (Creci-RJ), a ampliação do prazo de financiamento desonera o consumidor, que, muitas vezes, financiava parte da casa na Caixa e outra parte num outro banco. Além disso, dará mais acesso ao primeiro imóvel:

- Por outro lado, pode haver um pequeno aumento nos preços. De até 5%.

Instituição faz convênios para descontar prestação em folha

A Caixa está fechando convênios com empresas para oferecer o financiamento aos funcionários com desconto na folha de pagamento. Como vantagem, os empregados poderão contratar crédito com juros mais baixos que as linhas oferecidas pelo banco. Até o momento, a CEF formalizou o convênio com os fundos de pensão Funcef (dos empregados da Caixa), Petros (da Petrobras) e Previ (do Banco do Brasil). Para o setor privado, foram assinados acordos com as centrais Força Sindical e CUT. Os sindicatos das categorias devem formalizar o acordo com as centrais sindicais, para depois oferecer aos trabalhadores.

O Conselho Curador do FGTS decidiu neste mês aumentar o subsídio na compra da casa própria para quem tem renda familiar de até R$1.875. O benefício agora é válido na compra de imóveis novos ou em construção.

- Antes, o subsídio era dado apenas para renda de até R$1.125, mas foi ampliado -- afirma Maria Henriqueta, assessora técnica do conselho.

Quem adquirir imóveis usados e tiver renda entre R$1.125 e R$1.875 não terá direito ao subsídio. Neste caso, terá taxa de juros reduzida, para 6%, como já ocorre. Quem ganha acima desse valor, até R$4.900, paga juros de 8,16%. O subsídio máximo é de R$14 mil. Quanto menor a renda, maior o subsídio.

O maior déficit habitacional está concentrado na faixa de quem recebe até cinco salários mínimos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.

(*) Do Diário de S. Paulo