Título: Lucro do BB aumenta 66%, para R$2,347 bi
Autor: Paul, Gustavo; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 15/05/2008, Economia, p. 28

Expansão de 23% no volume de crédito e incorporação de empresas fizeram resultado superar o de bancos privados

BRASÍLIA. Ajudado por fatores extraordinários, o Banco do Brasil (BB), maior instituição financeira do país, conseguiu reverter o resultado negativo do fim do ano passado e registrou o maior lucro trimestral entre os grandes bancos brasileiros. Entre janeiro e março entraram no caixa do BB R$2,347 bilhões, valor 66,6% superior ao R$1,409 bilhão de igual período no ano passado. A expansão de 23,1% na carteira de crédito, especialmente financiamento de veículos (alta de 175%), foi fundamental para o desempenho.

No primeiro trimestre, o Bradesco apurou resultado de R$2,10 bilhões (23,3% a mais) e o Itaú, de R$2,04 bilhões (7,5%). Os números contabilizados em 31 de março representam ainda quase o dobro do valor apurado no quarto trimestre de 2007 - que contribuiu para que o lucro do ano passado fosse 16,3% menor que o de 2006.

Empréstimo a pessoas físicas cresce 47% em 12 meses

Os números do BB foram inflados em R$789 milhões, principalmente pela incorporação de sua participação em 30 empresas. Segundo o vice-presidente de Finanças do BB, Aldo Luiz Mendes, a decisão de incorporar as empresas - o que aumentou o lucro em R$241 milhões - seguiu orientação do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como já é feito pelos principais bancos privados. Entre as empresas estão o Banco Popular (100% de participação), a Brasilprev (49,99%), a Neoenergia (11,99%) e a Cobra Tecnologia (99,35%).

Os números também agregaram a venda das ações da Visa Internacional (mais R$232 milhões) e ganhos tributários (R$302 milhões). Eles foram fruto da busca de eficiência, explicou Mendes. A venda de operações de crédito antigas, por exemplo, acabou reduzindo o Imposto de Renda pago pela instituição:

- A forma como pagávamos certos impostos fazia com que recolhêssemos a mais.

Sem esses fatores excepcionais, o lucro do BB teria sido de R$1,559 bilhão, valor 6,3% superior ao do primeiro trimestre de 2007 - um pouco abaixo do dos grandes bancos.

Também o crescimento da carteira de crédito foi decisivo ao BB. Ela passou de R$140,3 bilhões para R$172,7 bilhões. Esse aumento foi puxado pelo crédito às pessoas físicas (mais 47,5% em 12 meses), consignado (36,8%) e financiamento de veículos. Para o ano, o banco prevê crescimento de 25% na carteira de crédito.

O BB encerrou março com patrimônio líquido de R$25,407 bilhões, alta de 17,4% frente ao mesmo mês de 2007 e de 4,7% em relação a dezembro. Os ativos totais cresceram 22%, para R$392,586 bilhões.

O presidente do BB, Antônio Lima Neto, comemorou o lucro. Segundo ele, os resultados foram bons em todos os aspectos. Lima Neto ressaltou que isso se deveu a medidas tomadas ano passado - que, de início, reduziram o lucro do BB -, como o programa de antecipação de aposentadorias:

- As medidas começaram a surtir efeito.

Mesmo tendo superado vários concorrentes privados, Lima Neto não quis avaliar as chances de o BB permanecer com o lucro acima dos demais:

- Pretendemos ter uma trajetória crescente de resultados consistentes, mas não faço prognóstico para o ano. O compromisso é crescer.