Título: Bancos ganharam mais com Lula
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 16/05/2008, Economia, p. 27

Rentabilidade no 1º trimestre chegou a 22%, a maior em 14 anos

SÃO PAULO. Impulsionados pela estabilidade da economia e pelo crescimento do volume de empréstimos, os bancos brasileiros registraram rentabilidade recorde nestes seis primeiros anos do governo Lula, batendo os resultados alcançados durante a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso. De acordo com estudo divulgado ontem pela consultoria Economática, o retorno sobre o patrimônio de 18 bancos que já divulgaram seus balanços chegou a 21,94% no primeiro trimestre de 2008, maior patamar para o período nos últimos 14 anos.

Para efeito de comparação, a rentabilidade nos três primeiros meses de 2007 foi de 16,33%. Em 2003, primeiro ano da administração Lula, começou em 15,29%. Ainda pelos dados da Economática, durante os oitos anos do governo FH, o retorno dos bancos oscilou entre 9,78% (em 2000) e 18,97% (1995). Já nestes seis primeiros anos do governo Lula, à exceção de 2006 (14,71%), nenhum outro ano apresentou retorno inferior a 15%.

Rentabilidade foi maior do que a de bancos americanos

Para chegar a esses resultados, a Economática comparou o lucro líquido acumulado de 12 meses nos primeiros trimestres de cada ano com a variação do patrimônio líquido médio dos bancos analisados. O desempenho dos bancos brasileiros no governo Lula também bateu com folga o dos bancos americanos, cujos resultados nos últimos meses foram afetados pela crise de inadimplência nos financiamentos imobiliários de maior risco (subprime). O retorno das instituições americanas caiu para 9,72% no início deste ano, o menor patamar dos últimos 11 anos, depois de chegar a 19,15% em 2000.

De 1998 a 2002, os bancos nos EUA superaram as instituições brasileiras. A partir de 2003, os dois mercados se equipararam, com retorno próximo de 16%. A guinada apareceu em 2007 e se acentuou no início deste ano.

Instituições como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil tiveram lucro líquido superior a R$2 bilhões apenas nestes três primeiros meses, mas a avaliação dos consultores é de redução da rentabilidade ao longo dos próximos anos. Ficou mais difícil para os bancos ganhar dinheiro, por causa da queda do juro básico e, principalmente, do aumento dos custos de captação. Essa nova realidade reduziu a margem financeira dos bancos (o spread), que é medida pela relação entre as receitas de intermediação financeira e os ativos.

No Unibanco, a margem caiu de 9,3% para 7,8% entre o primeiro trimestre de 2007 e igual período deste ano. No Bradesco, de 7,4% para 7,1% e no Itaú, de 8,1% para 7%.