Título: Escolha de Minc reforça prestígio de Cabral junto ao presidente
Autor: Jungblut, Cristiane ; Mendes, Taís
Fonte: O Globo, 16/05/2008, O País, p. 4

CRISE DE AMBIENTE

Governador já foi avalista da indicação de três ministros

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A nomeação do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, explicitou a influência crescente do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), junto ao Palácio do Planalto. Independentemente de restrições ou cenas de ciúmes de petistas ou peemedebistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não esconde sua simpatia por Cabral e costuma citá-lo com freqüência em conversas reservadas como exemplo de parceria que deveria ser costurada para 2010.

No Planalto, além de Lula, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também faz questão de alardear a boa relação com o governador. Por isso, Cabral é apontado nas rodas políticas de Brasília como uma opção para o cargo de vice-presidente, numa chapa encabeçada por um petista.

Minc é o terceiro ministro fluminense nomeado por Lula, no segundo mandato, com Cabral como avalista. No primeiro mandato, o Rio só tinha um representante no primeiro escalão, mesmo assim numa pasta periférica: a da Secretaria de Políticas para as Mulheres, com Nilcéia Freire. O governador influiu na escolha do também petista Edson Santos para a pasta da Igualdade Racial e foi uma espécie de "laranja" da indicação de José Gomes Temporão (PMDB) para a Saúde, o que na época causou desconforto no próprio PMDB. Cabral assumiu a indicação, para que ela não entrasse na cota pessoal do presidente.

"Essa questão de ciúmes é relativa", diz José Múcio

O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, um dos articuladores políticos do governo, minimizou ontem as disputas políticas ou ciúmes por causa da influência de Cabral.

- A escolha foi do presidente da República e não do governador Sérgio Cabral. Não é um ministro do PMDB, mas essa questão de ciúmes é relativa e nós temos ter inteligência para administrá-la - disse José Múcio.

Em um ano e meio de mandato no Palácio da Guanabara, Cabral tornou-se um dos aliados mais próximos do presidente Lula. Com habilidade, tem conseguido também apoios de setores do PT. Antes de ser eleito governador, Cabral exercia o mandato de senador com um perfil mais oposicionista; mas hoje é um dos principais defensores de Lula e de seu governo. Em conversas com auxiliares, o presidente costuma citar Cabral e Eduardo Campos (PSB-PE) como exemplos de governadores que só lhe trazem soluções. Recentemente elogiou o gesto de Cabral de costurar o apoio do PMDB à candidatura do deputado estadual Alessandro Molon (PT) à Prefeitura do Rio.

Cabral disse que consultará Minc sobre novo secretário

Cabral disse ontem, durante solenidade de liberação de uma verba de R$55 milhões para investimento em segurança pública no Rio, que não escolherá um nome para substituir Minc antes de conversar com o seu ex-secretário de Ambiente.

- Tenho que conversar com o futuro ministro. O secretário Minc, sem dúvida, com a gestão ambiental dos últimos 17 meses, conseguiu traduzir tudo aquilo que ele pregou a vida inteira como militante das causas do meio ambiente. Evidentemente que essa sucessão passará por uma conversa minha com ele. O que quero destacar é que o Brasil ganha um gestor ambiental qualificado, que será radical na defesa do meio ambiente e, ao mesmo tempo, um grande administrador público.

COLABORARAM Cristiane Jungblut e Taís Mendes