Título: Brasil fará campanha internacional em defesa de etanol e biodiesel
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 17/05/2008, Economia, p. 35
Marco Aurélio Garcia critica "bobagens" de ambientalistas e petrolíferas
LIMA e SÃO PAULO. O governo brasileiro decidiu partir para o contra-ataque às críticas ao programa de etanol e biodiesel. Fará uma campanha internacional em defesa desses combustíveis, informou ontem o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. O objetivo é rebater a posição de alguns ambientalistas e empresas petroleiras, que responsabilizam os biocombustíveis pelo encarecimento e a escassez de alimentos no mundo.
Segundo Marco Aurélio, em novembro o Brasil vai realizar um seminário internacional sobre biocombustíveis, com participantes de todas as tendências possíveis. Ele aproveitou para alfinetar alguns ambientalistas "que falam bobagens" ao dizer que etanol e biodiesel têm influência negativa sobre a preservação ambiental, "quando é justamente o contrário":
- Que há campanha das petroleiras, isso há, embora não estejamos dizendo que existe uma conjunção entre ambientalistas e petroleiras. As torcidas de Flamengo e Corinthians sabem que as petrolíferas não estão interessadas nisso (biocombustível), à exceção da Petrobras.
SP suspende concessão de licenças para usinas
Apesar da defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem fazendo dos biocombustíveis, o presidente da Comissão Européia, Durão Barroso, evitou tocar no assunto ao falar, na abertura da V Reunião de Cúpula dos Chefes de Estado de União Européia, América Latina e Caribe, sobre a inflação causada pelo desequilíbrio entre a oferta e a demanda de alimentos, propondo uma aliança global contra as mudanças climáticas.
Já o anfitrião da cúpula, o presidente do Peru, Alan García, pediu "metas concretas" contra a fome e reiterou sua proposta de criação de um Fundo Mundial de Reflorestamento, financiado por um imposto sobre os combustíveis fósseis:
- Se aplicarmos apenas uns centavos de dólar a cada barril de gás liquefeito ou de petróleo, teríamos anualmente mais de US$20 bilhões para esse fundo, o que nos permitiria reflorestar pelos menos dez milhões de hectares.
Enquanto isso, a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo suspendeu, por 120 dias, a concessão de novas licenças ambientais para construção ou ampliação de usinas de açúcar e álcool. O órgão teme o impacto ambiental, já que a maior parte das fazendas ainda faz queimadas. Mas o principal motivo foi o temor de que o estado fique dependente da cultura de cana. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) disse que acompanhará o caso, mas descartou impacto a curto e médio prazos, já que os processos em andamento não serão afetados.
COLABOROU Aguinaldo Novo