Título: PT paulista pede investigação sobre Alstom
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 16/05/2008, O País, p. 13
Funcionários de estatais teriam recebido propina
Soraya Aggege
SÃO PAULO. A bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo prepara uma série de ações - entre elas, um pedido de abertura de CPI - para investigar o suposto pagamento de propina, por parte da empresa Alstom, a servidores paulistas. O Ministério Público do Estado também já abriu inquérito para apurar o caso.
A suspeita é que estatais do governo de São Paulo tenham fechado contratos que somam pelo menos R$7,6 bilhões, nos últimos 19 anos, com o grupo Alstom - investigado na França e na Suíça por pagar propinas a servidores públicos para obter contratos no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Desse montante, R$1,4 bilhão teria sido pago em contratos julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A maior parte dos contratos foi firmada em governos tucanos.
O Ministério Público também requisitou cópias da Operação Castores, feita pela PF em 2006 e que conteria indícios de que o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), e outros brasileiros teriam se beneficiado ilicitamente com a Alstom. A Polícia Federal não se manifestou sobre o caso.
Ministério Público pediu informações no exterior
Tanto o Ministério Público quanto a Secretaria Nacional de Justiça já pediram informações sobre as investigações estrangeiras, mas ainda não obtiveram respostas.
- Por enquanto, abrimos o inquérito com base em notícias de jornais- disse o promotor Silvio Marques, que abriu o inquérito depois da uma reportagem do "The Wall Street Journal" sobre o caso, citando o pagamento de US$6 milhões em propinas em um dos contratos com o Metrô.
Rumores de que as autoridades francesas teriam uma lista com nomes de pessoas e empresas beneficiadas pelas propinas fizeram com que o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, insistisse na obtenção de informações e no cumprimento do tratado de cooperação entre os países. A bancada petista tem dado curso às investigações dos contratos. Foram identificados 139 contratos, que totalizam R$7,6 bilhões.
Segundo o PT, entre 1993 e 2003 - período investigado na França-, foram contratados R$5,2 bilhões, em 96 acordos com as estatais Metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Eletropaulo, CESP (Companhia de Energia de São Paulo), CPEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) e Dersa (Desenvolvimento Rodoviário). O governo de São Paulo tem afirmado que já pediu informações sobre o caso e que todas as estatais vão colaborar com as investigações.