Título: Desmatamento, bomba prestes a explodir
Autor: Gripp, Alan; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/05/2008, O País, p. 15

"Só jogando muito pesado o governo conseguirá atingir patamar aceitável", diz Greenpeace

BRASÍLIA. Para ambientalistas, Carlos Minc terá inúmeros obstáculos, mas um dos principais será conter o aumento do desmatamento, que atingiu 11.200 quilômetros quadrados na última medição (entre agosto de 2006 e julho de 2007).

- De cara, a bomba que vai explodir no colo do Minc é essa. Já estimamos que o desmatamento está muito acima este ano. Sua primeira tarefa é garantir que as operações de combate sejam feitas como planejadas. É questão crucial. Só jogando muito pesado neste momento o governo conseguirá reduzir o desmatamento para o patamar aceitável. Se não for assim, vai explodir - diz Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.

As maiores dificuldades serão enfrentadas em Mato Grosso, Pará e Rondônia. Até agosto, o Ibama tem planejadas 220 operações em todo o país. Mas defensores da política de Marina Silva avaliam que o ano eleitoral e o aumento do valor das commodities no mercado internacional aumentam os desafios de Minc.

Outro problema é a pressão para a concessão mais veloz de licenças ambientais, um dos motivos de maior desgaste para Marina. Em 2007 foram dadas 367 licenças. O argumento da ministra sempre foi que a qualidade das análises não poderia ser comprometida. Pessoas próximas à ex-ministra ironizaram as notícias de que Minc foi ágil nessa tarefa no Rio. Segundo essas pessoas, o tamanho e complexidade das obras federais impedem qualquer comparação.

Politicamente, Marina pediu aos seus principais colaboradores que permanecessem em seus cargos, por enquanto, para ajudar na transição.