Título: Lobão: deságio de Jirau poderá ser de até 35%
Autor: Paul, Gustavo e Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 19/05/2008, Economia, p. 19

Desconto é semelhante ao da usina de Santo Antônio. Aneel reforça segurança para leilão, que acontece hoje.

FOZ DO IGUAÇU e BRASÍLIA. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem esperar um deságio de 35% no leilão da usina hidrelétrica de Jirau - segundo empreendimento do Complexo do Rio Madeira, em Rondônia -, equivalente ao obtido no leilão da usina de Santo Antônio, a primeira licitada. A licitação de Jirau acontece hoje, às 14h, na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Brasília.

- Espera-se que o deságio seja equivalente ao alcançado para a produção da usina de Santo Antônio. Será campeã aquela que ofertar o preço mais reduzido para o povo - afirmou o ministro, que participou ontem do Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu (PR).

O deságio de Santo Antônio, cujo leilão foi vencido pelo consórcio Odebrecht-Furnas, foi de 35,3% sobre o valor teto da tarifa (R$122 o megawatt/hora), ou seja, saiu a R$78,89. Como o valor máximo da tarifa para Jirau é de R$91, um deságio semelhante levaria o preço da energia para R$59,15 o megawatt/hora.

A Aneel reforçou a segurança para o leilão, para evitar invasões e protestos que marcaram o leilão de Santo Antônio, em dezembro. O número de seguranças contratados, por exemplo, passou de 15 homens para cerca 40.

No primeiro leilão, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e da Via Campesina bloquearam a entrada do prédio principal da agência. A tropa de choque da Polícia Militar teve de ser acionada para retirá-los. Isto atrasou o leilão em algumas horas. Ontem, Wesley Lopes, representante do MAB em Rondônia, não quis adiantar se haverá manifestações, mas sugeriu que elas poderão ocorrer:

- Se acontecer, vai ser na hora - afirmou.

A PM está fazendo rondas desde ontem, para coibir invasões. A Aneel também aumentou o tamanho da cerca que circunda sua sede em um andar e colocou até arame farpado.

- Reforçamos o pessoal de segurança e teremos em torno de 40 pessoas para impedir o acesso de manifestantes à recepção - disse o presidente da comissão de licitação, Hélvio Guerra.

Estimativa é que obras demandem R$8,7 bilhões

Dois grupos disputarão a usina, considerada fundamental para garantir o abastecimento de energia do país na próxima década. Nos dois existe uma forte participação estatal. O primeiro é formado pelos mesmos integrantes que venceram a disputa por Santo Antônio e tem como sócios Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura (17,6% do capital), Construtora Norberto Odebrecht (1%), Andrade Gutierrez Participações (12,4%), Cemig (10%), Furnas Centrais Elétricas (39%) e um fundo de investimentos formado por Banif e Santander (20%).

O segundo consórcio, o Energia Sustentável do Brasil, é formado por Suez Energy (50,1%), Camargo Corrêa (9,9%), Eletrosul (20%) e Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf (20%).

Vencerá o leilão quem oferecer a menor tarifa. A capacidade instalada de Jirau é de 3,3 mil MW, e a previsão é que ela comece a gerar energia em 2013. A estimativa é que obras demandem R$8,7 bilhões.

(*) Especial para O GLOBO