Título: Para analistas, consumidor sairá ganhando com energia mais barata
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 20/05/2008, Economia, p. 20
ÚLTIMA FRONTEIRA: Especialista levanta preocupação com presença estatal
Modelo de jogar a tarifa para baixo é questionado por não ser sustentável
BRASÍLIA. O resultado do leilão da hidrelétrica de Jirau foi bem recebido por analistas, que consideram o consumidor o grande beneficiado. Segundo Luiz Augusto Barroso, da PSR Consultoria, a redução de 21% sobre o preço máximo é um bom sinal para o mercado cativo, que terá uma energia mais barata no futuro para compensar os preços altos que surgirão de outras fontes de energia, como a térmica:
- Independentemente de quem for construir a usina, o consumidor deve estar comemorando, pois ele sai ganhando com uma energia muito mais barata, que irá suavizar o impacto de outros aumentos.
Para o governo, o deságio deve ser considerado emblemático, por deixar ainda mais baixo o parâmetro dos preços da energia nova. Essa é a opinião de Mário Menel, presidente da Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia (Abiape). Mas ele adverte que não é sustentável o modelo de jogar a tarifa para baixo, compensando o investimento com a venda de energia mais cara no mercado livre:
- Com o tempo, quem compra energia no mercado livre vai migrar para o cativo, onde a energia é bem mais barata. O consumidor ganhou, mas o modelo do setor elétrico sairá perdendo no final.
Mesmo preocupado com a possibilidade de a presença estatal deturpar a competição entre empresas públicas e privadas, o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, que reúne investidores privados, considerou o leilão "uma maravilha". Para ele, o preço agressivo revela a disposição de construir uma usina em um prazo apertado, o que é bom, pois antecipa a oferta de uma energia que já será cobiçada em 2012.
- Isso mostra ainda que as empresas estão acreditando que haverá eficiência na liberação das licenças ambientais - disse, ressaltando o desafio do novo ministro do Meio Ambiente.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib) considerou que o leilão consolida o modelo de concessões na infra-estrutura e que há interesse em investir quando há bons projetos e regras de competição claras e estáveis.
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