Título: Rendição é considerada vitória pessoal de Álvaro Uribe
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Fonte: O Globo, 20/05/2008, O Mundo, p. 25
Guerrilheira realizou massacres no departamento do presidente quando este era governador
Do El Tiempo
BOGOTÁ. A prisão de Karina é considerada uma grande vitória não apenas do governo colombiano na luta contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). As fotos da líder guerrilheira entre os militares são uma conquista pessoal do presidente Álvaro Uribe, que tem sua carreira política e até mesmo sua vida pessoal ligadas a Karina, um dos principais símbolos da violência da guerrilha. Em 1983, o fazendeiro conservador Alberto Uribe foi assassinado durante tentativa de seqüestro no departamento de Antioquia. Pouco tempo depois, já se comentava que uma jovem guerrilheira chamada Karina havia sido a responsável pela sua morte.
Ao assumir o governo do departamento de Antioquia 12 anos depois da morte do pai, o atual presidente Álvaro Uribe fez da luta contra a guerrilha sua principal meta. Entre 1995 e 1997, alguns dos mais sangrentos ataques das Farc foram realizados em Antioquia, e o nome de Karina sempre estava envolvido. Uribe apoiou, então, a criação de grupos de vigilantes fortemente armados, chamados Convivir. Os grupos causaram polêmica e houve acusações de terem ligação com organizações paramilitares de direita. Em 2002, Uribe foi eleito presidente da Colômbia, e, uma vez no cargo, fez diversas citações a Karina.
- Necessitamos da cooperação dos cidadãos para libertar os seqüestrados e capturar a uma senhora chamada Karina, que dirige as Farc e organiza seqüestros. Vamos vencer esta luta - disse ele em 22 de setembro de 2002.
O passar dos anos na Presidência não tirou o ímpeto do político em prender a guerrilheira. Em 29 de novembro de 2006, quando ordenou ao Exército realizar operações para capturar Iván Ríos, ele disse:
- Ele está em companhia da bandoleira a quem se conhece pelo nome de Karina.
Este mês, no entanto, depois de mais de uma década pregando ações contra sua inimiga, Uribe deu uma declaração que provocou espanto na classe política colombiana. Em 2 de maio, ele se dirigiu publicamente a Karina:
- Se se desmobilizar, seja bem-vinda. Serão dadas todas as garantias.
Ontem, ficou-se sabendo o motivo das palavras do presidente. O governo negociava a rendição de Karina.