Título: Posso até ter cometido um deslize
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Fonte: O Globo, 21/05/2008, O País, p. 5
Senador diz que evento era da cidade do Rio, e não da Igreja Universal
O senador Marcelo Crivella reconheceu que pediu para fazer os convites e enviá-los a deputados estaduais do Rio, senadores e o vice-presidente da República, José Alencar. Segundo ele, o evento não era da igreja, e sim da cidade do Rio:
- Posso até ter cometido um deslize, mas minha idéia é para um patrimônio publico. O objetivo foi convidar para uma coisa que é do Rio, não é propriedade privada. Foi como a inauguração de uma praça, um monumento, não é a Igreja Universal.
Durante o evento, o presidente da Universal, Jerônimo Alves, foi taxativo ao falar da campanha eleitoral. Em entrevista, afirmou que vai repreender pastores que falarem de política nos cultos. Segundo ele, os integrantes não estão autorizados a fazer propaganda:
- A Universal separa bem a política da igreja. De forma alguma ela vai influenciar o voto do cidadão em qualquer candidato. Nenhuma igreja está autorizada a fazer isso. Se houver algo, partirá do emocional de cada pastor e ele será repreendido, com certeza.
Crivella contrata advogado do caso propinoduto
O ministro do Esporte, Orlando Silva, negou que o encontro na Universal tivesse conotação política. Ele disse que foi convidado pelo presidente da Universal, Jerônimo Alves:
- Ele me falou do lançamento durante um encontro que tivemos em São Paulo. Como tive agenda ontem no Rio, aproveitei a manhã para passar aqui. É uma visita informal, porque não é um tema nosso.
Posição semelhante teve o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão:
- Estou aqui representando o governador Sérgio Cabral. O convite partiu do "bispo" Crivella e de amigos que tenho na Record.
O pré-candidato Alessandro Molon não foi encontrado para comentar o assunto.
A maquete que atraiu tamanha atenção de autoridades municipais, estaduais e federais é toda feita com pedras importadas de Israel, demorou oito anos para ser concluída e ocupa 736 metros quadrados. Só o projeto arquitetônico da maquete custou, segundo Crivella, US$80 mil. Não foi divulgado o valor da obra, mas Jerônimo estimou em "alguns milhões". O ingresso para visitação custará R$10.
Precavido para eventuais problemas jurídicos durante a campanha, Crivella fechou um acordo com o escritório do advogado carioca Clóvis Sahione. A assessoria do senador informou que os dois jantaram anteontem e formalizaram o acordo. Sahione atuou na defesa de fiscais acusados no escândalo do propinoduto. Ele foi flagrado em 2003 quando orientava um cliente a mudar uma letra para burlar exame grafotécnico. Na época, foi punido pela OAB.