Título: Contágio na China
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2009, Mundo, p. 20

Apesar de medidas severas para impedir que o vírus H1N1 chegasse à China, a possibilidade de uma epidemia começa a preocupar as autoridades. O país mais populoso do mundo confirmou ontem o primeiro caso de gripe suína, um homem de 30 anos, identificado apenas como Bao. Ele esteve recentemente nos Estados Unidos, onde estudou em uma universidade. Bao chegou à China no sábado, depois de decolar do estado americano de Minnesota, fazer conexão em Tóquio, no Japão, e seguir para Pequim. De lá, pegou outro avião com destino a Chengdu, capital da província de Sichuan.

Assim que desembarcou, foi diretamente ao Hospital Popular de Sichuan, onde se submeteu a exames que confirmaram a infecção. O paciente foi transferido para o Hospital de Doenças Infecciosas de Chengdu e passa bem. O governo chinês tenta encontrar os outros passageiros do voo da companhia americana Northwest Airlines que tiveram contato com Bao no trecho internacional, para colocá-las sob observação. Segundo a agência de notícias Xinhua, 130 das 150 pessoas que fizeram a conexão doméstica já estão em quarentena.

Depois da notificação do primeiro caso em território chinês, o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao convocaram um aumento da vigilância contra a gripe suína. ¿Devemos dar muita importância ao fato de que a epidemia de gripe ainda está se espalhando em alguns países e regiões ¿, disse Jintao. Na última década, a China já sofreu com as epidemias de Sars e de gripe aviária.

Há duas semanas, um turista mexicano foi internado em um hospital de Hong Kong depois de confirmada a suspeita de que portava o vírus H1N1. Cerca de 300 pessoas que tiveram contato com ele durante a viagem ficaram em quarentena, isoladas em um hotel. Elas não apresentaram sintomas e foram liberadas na sexta-feira, após uma semana de retenção. No início do mês, autoridades chinesas suspenderam conexões aéreas com o México e isolaram turistas mexicanos.

O relatório da Organização Mundial de Saúde divulgado na manhã de ontem confirma 4.694 casos de contaminação em 30 países e 53 mortes ¿ 48 no México, três nos Estados Unidos, uma no Canadá e uma na Costa Rica. Já estão computados os dois casos confirmados na Noruega, até então fora do mapa de infecções. Mas esse balanço não inclui as mortes registradas em território mexicano ontem. Segundo o ministro da Saúde do México, José Angel Córdova, foram mais oito óbitos, o que eleva a 56 a quantidade de vítimas no país.

O vice diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Keiji Fukuda, afirmou que o alerta de pandemia permanece no nível 5 (iminente) porque não há evidências de transmissão sustentável fora da América do Norte. Segundo Fukuda, é possível que a OMS eleve o alerta para pandemia instaurada, mas é igualmente possív