Título: Piadas, insultos e grosserias
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 21/05/2008, O País, p. 8
Em sessão agitada, deputados ironizam amizade de André Fernandes com José Aparecido
BRASÍLIA. Entre gritos, piadas e insultos e uma grande dose de ironia, os depoimentos de ontem sobre o dossiê produzido na Casa Civil transformaram a sessão da CPI do Cartão Corporativo num embate pessoal entre senadores e deputados - não só sobre quem foram os políticos que vazaram dados à imprensa. As acusações entre governistas e oposição desaguaram em broncas e desabafos entre os colegas. O tom dispensado a André Fernandes, pela base, foi de um duro interrogatório policial, com desaforos e grosserias.
O tumulto chegou ao auge quando Fernandes disse que teria fatos sérios a relatar, mas exigiu uma sessão fechada. Até o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), orientado pela base a votar contra a sessão fechada, lamentou:
- Eu vou ficar sem dormir hoje de curiosidade, mas meu voto é não!
As poucas risadas ficaram por conta do erro do deputado Carlos William (PTC-MG), que, exaltado, acusou Fernandes de ser o "arquitetador" (sic) do dossiê. Antes, o parlamentar abrira a sessão com uma Bíblia na mão, exigindo que o depoente jurasse dizer a verdade na lei de Deus.
A estratégia de desqualificar Fernandes foi encabeçada pelos deputados Silvio da Costa (PMN-PE) e Maurício Quintela (PR-AL). Não faltaram comentários irônicos sobre a amizade entre Fernandes e Aparecido. O relator, o petista Luiz Sérgio (RJ), falou em amizade "elástica", que vai e volta.
Fernandes disse que tem "coração de manteiga" e foi alvo de suspiros jocosos. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) fustigou:
- Senhor André, só o seu coração é de manteiga, ou o caráter também?
Numa das rixas entre senadores, Álvaro Dias (PSDB-PR) acusou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), de ter sido o primeiro a falar à imprensa sobre o dossiê da Casa Civil. Jucá foi à sala para cobrar explicações.