Título: Reforma agrícola da UE beneficia exportações de óleo e carne do Brasil
Autor: Magalhães-Ruether, Graça
Fonte: O Globo, 25/05/2008, Economia, p. 30

Ministros dos 27 países do bloco se reúnem hoje para debater proposta.

BERLIM. O Brasil será um dos beneficiados pela reforma agrícola que a União Européia (UE) pretende implantar até 2012, na avaliação de representantes da missão brasileira em Bruxelas, capital oficial do bloco. Entre as mudanças propostas, está o corte de até 22% dos subsídios a produtores, que limitam a competitividade das exportações brasileiras. O tema será discutido a partir de hoje pelos ministros da Agricultura dos 27 países da UE, reunidos em Brdo, na Eslovênia. O encontro será encerrado na terça-feira.

- O Brasil poderá aumentar as exportações de carne e de óleos para a produção de biodiesel - disse um representante da missão brasileira.

O projeto foi proposto na semana passada pela comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel. Pela proposta, os subsídios à produção nacional das 27 nações serão reduzidos em 13%, em média. No caso das grandes propriedades agrícolas, o corte será de até 22%. As medidas ainda dependem da aprovação dos governos.

Todos os anos, a UE destina 50 bilhões a subsídios agrícolas, ou 40% do seu orçamento, o que vem gerando críticas de países exportadores para o bloco e organismos internacionais. O relator especial para o Direito à Alimentação das Nações Unidas, o belga Olivier de Schutter, é um dos críticos mais vorazes, por acreditar que "os subsídios arruínam a economia agrícola dos países em desenvolvimento."

- Ainda estamos analisando possíveis efeitos (da reforma), mas, se for mesmo aprovada, trará grandes chances para as exportações brasileiras - disse o representante do Brasil.

Usineiros abrem escritório em Bruxelas

No Brasil, há expectativas em torno do projeto. A União da Indústria Açucareira (Unica), uma das maiores produtoras de etanol do país, já abriu um escritório em Bruxelas para acompanhar as mudanças. No ano passado, o Brasil exportou 500 mil metros cúbicos de etanol para a Europa ( 0,30 por litro). De cada 0,30, 0,19 é cobrado como taxa de importação, o que resulta em um aumento de preço de 70%.

- Uma redução da taxa teria para o Brasil um efeito muito mais promissor do que a redução dos subsídios na UE - disse o funcionário da missão.

Estão previstas mudanças na mistura de álcool à gasolina usada pelos veículos do bloco. Hoje, essa mistura é de 2% e pode ir a 10% a partir de 2020.

Quanto ao biodiesel, a Europa está mais adiantada que o Brasil. A Alemanha é o principal produtor do mundo. Há no país tanques que são especializados no abastecimento de automóveis e caminhões.

- A Alemanha é pioneira na produção de biodiesel, mas o Brasil é altamente competitivo na produção de óleos. Com a redução dos subsídios, o país poderá exportar mais óleos para o biodiesel na Europa - disse a fonte brasileira.