Título: Parada Gay atrai 3 milhões à Avenida Paulista
Autor:
Fonte: O Globo, 26/05/2008, O País, p. 4

Evento, que contou com presença do prefeito Gilberto Kassab e da ministra Marta Suplicy, foi marcado por tumultos.

SÃO PAULO. A 12ª Parada Gay, realizada ontem no Centro de São Paulo, reuniu cerca de 3 milhões de pessoas segundo a Guarda Civil Municipal e foi marcada por incidentes, como furtos de celulares e máquinas fotográficas, atos de vandalismo, bebedeiras e consumo explícito de drogas, como maconha e ecstasy. Houve ainda um tumulto envolvendo manifestantes da Conlutas, central sindical ligada ao PSTU e ao PSOL, impedidos de participar do evento com um carro de som. Os sindicalistas acusaram os organizadores do evento de os terem agredido.

Considerada uma das maiores manifestações de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros do mundo, a Parada Gay de São Paulo atraiu 300 mil turistas, lotando todos os hotéis da cidade e movimentando pelo menos R$180 milhões, só abaixo do movimento proporcionado pelo GP Brasil de Fórmula 1, que rende cerca de R$200 milhões ao comércio e setor hoteleiro.

Carro de som atropela participante

O evento começou com uma grande concentração logo pela manhã em frente ao Masp, na Avenida Paulista. De lá, por volta das 14h, começaram a partir em direção ao Centro os 22 carros alegóricos inscritos previamente na Organização da Parada Gay. Os veículos, equipados com enormes caixas de som e alegorias, fazem do desfile numa grande festa ao ar livre. Acompanhados pela multidão, os carros seguiram até a Praça Roosevelt, onde a passeata se dissolveu no início da noite.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) esteve no início da concentração, mas não participou do desfile, que contou com a presença da ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT). Ela estava num carro do próprio Ministério do Turismo e, muito animada, participou da passeata cantando e dançando.

- O turismo gay é um segmento significativo economicamente, ter um marco regulatório é essencial para atrair mais turistas desse segmento - disse a ministra, em cima do carro de som do ministério, o segundo a desfilar na Parada Gay.

Ainda na abertura do desfile, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transexuais (ABLGT), Toni Reis, disse que o objetivo da parada este ano era lutar pelo fim da discriminação contra os transexuais. Segundo ele, nos últimos 20 anos mais de 2.800 homossexuais foram mortos no Brasil por causa da intolerância.

- Queremos que todos sejam tratados de forma igual perante a lei - disse Reis.

Outros políticos foram ao desfile, como a senadora Fátima Cleide (PT-RO), relatora do projeto de lei 122, que estabelece a criminalização da homofobia.

Os mais de mil policiais da PM e Guarda Civil Metropolitana tiveram muito trabalho. Um dos casos mais graves aconteceu com o carro de som do Sindicato dos Enfermeiros de São Paulo. O veículo atropelou um dos funcionários do sindicato. O carro esmagou a perna esquerda de Rubens Martins, de 56 anos. Ele foi internado em estado grave e corre o risco de ter a perna amputada. O carro seguiu em silêncio o resto do trajeto.

Antes disso, o principal incidente havia sido a proibição à entrada do carro da Conlutas, que dizia representar 700 entidades do movimento sindical, popular, mulheres e negros. Em nota, a Conlutas afirmou que ativistas da organização da parada Gay e PMs agrediram integrantes do grupo. Eles foram levados ao 78º Distrito Policial, assim como três PMs que ficaram feridos na confusão. Gás e cassetetes foram usados pelos policiais.