Título: Empresa que levou calote demitiu funcionários
Autor: Rocha, Carla; Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 23/05/2008, Rio, p. 18

O nome é o mesmo: Delta. Mas, para receber o dinheiro do governo estadual, quanta diferença. Enquanto via a sua homônima Delta Construções ficar com a maior fatia do bolo para pagamento de fornecedores, Irene Nunes, dona da Delta Medmil ¿ uma pequena prestadora de serviço de manutenção de equipamentos médicos ¿ amargava mais um fim de ano de calote. Segundo ela, como todos os anteriores:

¿ Eu tinha dívidas desde a época do Marcello Alencar ¿ disse a empresária.

Durante quase dez anos, a Delta Medmil fez a manutenção dos equipamentos odontológicos do Hospital Geral da Polícia Militar. Irene revela que jamais recebeu em dia. Ela conta que passou todo o governo de Anthony Garotinho sem ver a cor do dinheiro e só conseguiu uma parte do que o estado lhe devia no primeiro ano da gestão de Rosinha Garotinho, em 2003.

Ao fim de 2006, a Delta Medmil tinha R$80 mil em dívidas. Sem recursos para pagar pessoal e endividada no banco, Irene conta que teve que demitir 13 de seus 16 funcionários. Em 2007, ela entrou num programa do governo para receber dívidas. Em fevereiro deste ano, Irene recebeu a primeira parcela de R$50 mil. Irene reclama que o restante do valor será pago em duas parcelas sem reajuste. Ela diz que encerrou o contrato e desistiu de fornecer para o governo estadual.

O subsecretário estadual de Fazenda, Marcelo Saintive, disse que 2.558 empresas tinham pouco mais de R$400 milhões a receber do estado no início de 2007. Segundo ele, 573 fornecedores aderiram ao Programa de Restos a Pagar (que está negociando as dívidas). Sessenta por cento deles tinham dívidas inferiores a R$50 mil que já foram quitadas. O programa está com inscrições reabertas e agora as dívidas maiores vão sofrer um processo de leilão: quem oferecer o maior desconto tem mais chances de receber tudo de uma vez.