Título: Moraes: Eu não vou sair
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Política, p. 6

Parlamentar gaúcho se recusa a aceitar ser afastado da relatoria do processo contra o dono do castelo de R$ 25 milhões.

Carlos Moura/CB/D.A Press - 7/5/09 Sérgio Moraes tentou desmontar a peça de acusação produzida pela corregedoria contra Edmar Moreira O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) está se lixando não só para a opinião pública mas também para as articulações no Conselho de Ética para retirá-lo da relatoria do processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG). ¿Não pedi para ser relator e não vou pedir para sair. Quem quiser vote contra ou faça um relatório alternativo. Eu não vou sair¿, afirmou o petebista.

A saída de Moraes já foi decidida pela cúpula do Conselho graças a uma brecha nas normas internas que permite ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), substituí-lo por entender que ele está impedido de realizar as funções por ter antecipado que pretende arquivar a denúncia. ¿Vão me substituir porque a imprensa queria uma versão e eu dei outra? Não vou aceitar. Querem fazer um grande acordão. A imprensa vai permitir isso? É uma vergonha¿, queixou-se Sérgio Moraes.

Essa articulação de integrantes do conselho favoráveis à saída do relator pode dar brechas a Moreira para questionar a substituição do relator em outras instâncias da Câmara alegando perseguição. Isso poderia ensejar até a anulação do processo disciplinar. A assessoria técnica do Conselho, no entanto, afirma que a solução encontrada é inquestionável. Moraes declarou que ¿está pouco se lixando para a opinião pública¿, após dizer que não havia encontrado indícios que demonstrassem irregularidade cometida por Moreira e desmontar a peça de acusação formulada pela corregedoria da Câmara.

Imprensa A situação do deputado ficou bastante frágil após ele dizer: ¿Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, batem e a gente continua se reelegendo¿. Ele também atacou jornalistas: ¿Não me venham dar moral, se nós formos medir a moral da imprensa com os deputados é que nós falamos e não somos escutados. E podem colocar que (sic) eu não tenho medo, não¿.

A briga do relator começou quando tentou desmontar a peça de acusação produzida pela corregedoria. Ele chegou a classificar o trabalho como imaginativo. ¿A acusação imaginou que pode não ter sido prestado o serviço, eu posso imaginar que foi prestado¿, afirmou Sérgio Moraes. Ex-presidente do Conselho de Ética, o petebista do Rio Grande do Sul causou bastante polêmica no ano passado, quando defendeu a extinção do colegiado por entender que deputados não são capacitados a julgar processos contra seus pares.

O trabalho da corregedoria contra Edmar gira em torno da falta de comprovação de serviços prestados. Moreira injetou dinheiro nas próprias empresas de segurança privada e disse que precisava de escolta policial. Mas a suspeita é que os serviços não foram prestados porque as notas fiscais apresentadas eram sequenciais.