Título: Brasil quer criar Conselho de Defesa
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 22/05/2008, O País, p. 8

Proposta será debatida em reunião de países sul-americanos amanhã

BRASÍLIA. Com o argumento de que é sempre mais fácil resolver os problemas conversando de forma pacífica, com base no diálogo construtivo, o governo brasileiro trabalha para que, na reunião de presidentes da América do Sul, que acontecerá amanhã, em Brasília, seja criado o Conselho de Defesa Sul-Americano. A proposta foi levada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, aos países da região e, segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a expectativa é que a idéia receba a adesão das nações sul-americanas:

- Estamos confiantes. Isso só será benéfico para todos. Permitirá a discussão de temas e o esclarecimento de situações equívocas - disse Amorim, após participar de uma audiência pública no Senado. - Esperamos a adesão de todos.

Os chefes de Estado que estarão reunidos em Brasília vão assinar o tratado constitutivo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O Conselho de Defesa, explicou o ministro das Relações Exteriores, deverá ser criado em um ato à parte.

Algumas questões deverão ser discutidas, como a crise desencadeada pela incursão de tropas colombianas no Equador - quando foram mortos dezenas de guerrilheiros, entre eles o segundo homem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes - e a necessidade de cooperação entre os exércitos dos países amazônicos, para preservar a Floresta Amazônica e proteger os povos que nela vivem.

O objetivo é promover uma articulação de políticas regionais de defesa, a organização de exercícios conjuntos e a harmonização de forças de paz. Outra diretriz consiste em uma aproximação entre as indústrias, o que poderia resultar na produção e exportação conjunta de armamento, veículos e equipamentos em geral da indústria bélica. O assunto foi tratado ontem por Jobim e o presidente Lula.

Fontes do Ministério da Defesa disseram que há respaldo para a criação do conselho de todos os países sul-americanos, "uns mais entusiastas que outros", caso da Colômbia, que ainda está analisando o tema. Uma das alternativas para agradar os colombianos é escolher Bogotá como sede do conselho.

Brasil informou aos EUA sobre proposta do conselho

As explicações sobre o Conselho de Defesa foram dadas ao governo dos Estados Unidos. Fontes da área diplomática comentaram que a Casa Branca estaria convencida de que a investida brasileira tem como alvo a cooperação, a amizade, a resposta mais rápida aos desastres naturais, as missões de país e o combate ao narcotráfico.