Título: Petróleo encosta em US$ 134
Autor: Ordoñez, Ramona; Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 22/05/2008, Economia, p. 21

No ano, alta supera 30%. Para `Le Monde¿, mundo vive um 3º choque

NOVA YORK, WASHINGTON, CARACAS e PARIS. O preço do petróleo bateu novo recorde ontem, impulsionado pela redução dos estoques americanos e pela acentuada desvalorização do dólar. O barril do petróleo leve americano para entrega em julho encerrou o dia cotado em US$133,17, aumento de 3,2%. Na máxima, chegou a US$133,72. A commodity acumula alta de mais de 30% no ano, superando o valor do combustível durante as crises dos anos 70 (já descontada a inflação), o que levou o jornal francês ¿Le Monde¿ a afirmar que o planeta vivencia o terceiro choque do petróleo da História.

O nível dos estoques americanos caiu em 5,4 milhões de barris na última semana. A redução também levou o petróleo do tipo Brent, referência para a Bolsa de Londres, a bater mais um recorde: US$133,05, avanço de 4,05%.

Os sucessivos recordes do petróleo levaram as cinco maiores petrolíferas do mundo (Exxon, BP, Shell, Chevron e ConocoPhillips) a embolsar lucros de US$36 bilhões no primeiro trimestre de 2008. Os consumidores americanos, por outro lado, estão usando menos seus carros para economizar gasolina, o que levou senadores americanos a cobrar das petrolíferas uma solução. Em audiência no Senado ontem, as empresas disseram que os preços altos deviam-se não aos lucros, mas ao desequilíbrio entre oferta e demanda mundial.

O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdullah al-Badri, disse à agência Reuters, durante uma visita a Caracas, que os recordes não têm relação com o suprimento e que a organização só pretende aumentar a produção a curto prazo.

Em uma análise na sua edição de ontem, o ¿Le Monde¿ afirmou que o poder do mercado de petróleo mudou de lado: saiu dos países consumidores e das grandes multinacionais para ¿os palácios sauditas¿ e os governos iraniano e venezuelano. Segundo a reportagem, o mundo ¿está vivendo um terceiro choque do petróleo¿, embora mais lento do que os anteriores, de 1973 e de 1979/80. As nações petrolíferas e suas companhias públicas nacionais detêm 85% das reservas mundiais, diz o jornal.