Título: Amorim diz que críticas a etanol e biodiesel vêm de elite oligárquica
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 22/05/2008, Economia, p. 22

YES, NÓS TEMOS ENERGIA: Governo estuda criação de selo sócio-ambiental

Segundo chanceler, a influência brasileira na ordem mundial incomoda

BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após participar de uma audiência pública sobre o Mercosul no Senado, que empresários e governo brasileiro estão trabalhando na criação de um selo sócio-ambiental para os biocombustíveis, o que derruba a interpretação de que no Brasil não há preocupação com as condições trabalhistas e ambientais. Segundo Amorim, as críticas aos programas de etanol e biodiesel não se fundamentam e são feitas por uma "elite oligárquica":

- Não quero ter uma teoria conspiratória, mas há setores que se incomodam quando surgem países que mexem na ordem mundial, como o Brasil está fazendo positivamente. Há resistências, e nós temos de nos acostumar com isso. Isso incomoda aquelas estruturas que já estão acostumadas com uma certa maneira de dominação, que formam parte de uma elite oligárquica nas relações internacionais.

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Para o ministro, o Brasil enfrentará problemas pelos biocombustíveis em diversas áreas, incluindo comércio e a Amazônia - que, segundo ele, "não está à venda" e deve continuar sendo administrada pelos brasileiros. Amorim disse ainda que o Brasil está tentando mostrar ao mundo que essa energia é limpa e melhor que a baseada em combustíveis fósseis:

- O Brasil é um país em que a natureza aparece em qualquer lugar, diferentemente desses países onde você só vê prédios, porque já destruíram boa parte das florestas. O Brasil pode melhorar as condições de vida dos trabalhadores, e isso se aplica tanto à questão da Amazônia quanto aos trabalhadores nos canaviais - afirmou.

Indagado sobre um possível acordo para a conclusão da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), o chanceler afirmou que os rascunhos não solucionaram todos os impasses, mas evitaram "uma derrapagem". Ele se disse otimista e afirmou que é possível que a Rodada de Doha seja concluída até o fim do ano.