Título: BB negocia compra do banco paulista Nossa Caixa
Autor: Novo, Aguinaldo; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 22/05/2008, Economia, p. 23

Objetivo da instituição é liderar mercado em São Paulo, onde ocupa o 4º lugar. Analista estima operação em pelo menos R$9 bi

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Buscando desbancar a concorrência no mercado paulista - no qual, apesar de líder nacional, amarga a quarta posição -, o Banco do Brasil (BB) anunciou ontem à noite que iniciou negociações para a compra da Nossa Caixa. O banco, controlado pelo governo de São Paulo, tem ativos de R$47,431 bilhões - que renderam lucro líquido de R$114,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, 31% a mais do que no mesmo período de 2007 - e 5,7 milhões de clientes. A operação depende de aval da Assembléia Legislativa de São Paulo.

A Nossa Caixa é vista no mercado como "a grande jóia" entre os bancos estaduais. Seu principal trunfo são as receitas provenientes da administração da folha de pagamento do governo paulista, cujo direito foi comprado em 2007 por R$2 bilhões.

O presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, estima que o BB teria de gastar na operação entre 3 e 3,5 vezes o patrimônio líquido da Nossa Caixa (R$2,9 bilhões), o que corresponderia a pelo menos R$9 bilhões.

A intenção do negócio, sem prazo para conclusão, foi informada em fato relevante enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

- Essa postura faz parte de uma estratégia adotada desde o ano passado, com as negociações para a incorporação do Besc (banco estadual catarinense) e do BRB (do governo do Distrito Federal). Mas também tivemos outras ações, como abertura de uma diretoria de cartão de crédito, que nos possibilita oferecê-los aos não-clientes, criação do financiamento imobiliário e reforço em nossa presença no financiamento de veículos - afirmou Antonio Lima Neto, presidente do BB.

Segundo ele, a aquisição levaria o BB a disputar a liderança do mercado paulista:

- O estado é a arena bancária mais competitiva do país.

Na semana passada, o BB anunciou que absorverá o Banco Popular, subsidiária criada em 2003 para atender a baixa renda e que nunca obteve lucros.

Segundo Lima Neto, as tratativas iniciais foram técnicas e sem conversas diretas com o governador José Serra (PSDB).