Título: Não via as brigas que lia nos jornais
Autor: Éboli, Evandro; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 28/05/2008, O País, p. 8
Lula elogia Marina Silva a maior parte do tempo e reclama da imprensa
BRASÍLIA. Na solenidade de posse de Carlos Minc, o presidente Lula voltou a reclamar da imprensa e responsabilizou-a pela idéia de que a ex-ministra Marina Silva saiu do cargo brigada com ele. Lula dedicou mais da metade do discurso para desfazer o mal-estar com Marina e criticou o que chamou de derrotismo do brasileiro. Atribuiu à imprensa a divulgação de divergências no governo que disse serem inexistentes, especialmente entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e Marina.
- Participava das reuniões com as duas e não via as brigas que lia nos jornais do dia seguinte. Não conseguia entender quem passava aquela divergência. Olhava para ver se embaixo da minha mesa tinha um anão que passava notícia que eu não tinha discutido. Quantas vezes fui dormir pensando em descobrir quem era uma tal de fonte que passava informações que não tinham acontecido.
A ex-ministra manteve-se impassível diante dos elogios. Ao exaltar o trabalho dela, o presidente disse que o brasileiro só dá valor a fatos e pessoas depois de divulgados pela imprensa estrangeira. Lula disse não ter mágoa de Marina e reafirmou que, mesmo com a troca no comando do ministério, a política ambiental não mudará.
O presidente reclamou também que os jornais não deram espaço ao lançamento do Programa Amazônia Sustentável.
Lula disse que não guarda mágoa de Marina, e que entenderá se a ex-ministra não tiver o mesmo sentimento em relação a ele. A posse de Minc não foi das mais prestigiadas. Apenas dois governadores compareceram: Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Wellington Dias (PT-PI). Além do vice José Alencar, estavam os chamados ministros palacianos, outros sete colegas de Esplanada, deputados e senadores.
Lula só se referiu a Minc no fim do discurso. Disse que ele já falou em "cinco dias o que Marina falou em cinco anos e meio". Negou que tenha trocado uma ambientalista por um desenvolvimentista e brincou:
- Para provar que não é contra a Amazônia, o Minc veio de verde (cor do colete) e com uma tarja preta dizendo que é proibido desmatar a Amazônia. É isso que significa a gravata dele.