Título: Os inimigos dela serão meus inimigos
Autor: Éboli, Evandro; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 28/05/2008, O País, p. 8

BRASÍLIA. Na solenidade de transmissão do cargo, o ministro Carlos Minc prometeu que vai combater "os mesmos inimigos" de sua antecessora e que pretende comprar as brigas necessárias dentro do governo para manter a agenda ambiental. Para isso se auto-intitulou um "ecoguerrilheiro".

Ele reconheceu que, ao se demitir, Marina Silva fez "um sacrifício" para dar um aviso sobre os problemas do setor. Sob aplausos de funcionários do ministério, a quem prometeu defender de campanhas de desqualificação, disse que assume o posto com uma primeira missão: realizar a uma ponte aérea entre Bonn (Alemanha) e Belém, esta semana, para manter diálogo com partes contrárias na questão amazônica.

Antes de discursar, Minc ouviu do ministro-interino, João Paulo Capobianco, um desagravo a Marina. Ele disse que três movimentos do governo levaram a ex-ministra a pedir demissão. O primeiro foi considerar que a pasta poderia formular políticas, mas não geri-las - uma alusão indireta à decisão de repassar ao ministro Mangabeira Unger o comando do Plano Amazônia Sustentável (PAS).

O segundo foi a remoção de projetos do Ministério do Meio Ambiente do PAC, deixando a verba sujeita a contingenciamentos. A gota d"água teria sido o risco de revisão da resolução do BC que proíbe financiamentos com verbas públicas para desmatadores ilegais.

- É preciso explicitar que setores do governo consideram o Ministério do Meio Ambiente um licenciador ambiental, não é um órgão estratégico, não pode oferecer soluções. Por isso saímos do ministério. Para que isso fique explícito. Para manter a agenda que não conseguimos manter. Não vamos fazer deste momento um momento apenas de festa - disse Capobianco.

Minc começou sua fala concordando com Capobianco:

- Marina não saiu por seus defeitos. Saiu por seus méritos. Os inimigos dela serão meus inimigos.