Título: Maços de cigarros terão imagens ainda piores
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 28/05/2008, O País, p. 10

Nova campanha do Ministério da Saúde visa a provocar repulsa ao fumo entre os jovens de 18 a 24 anos

BRASÍLIA. Um feto morto, um pé mutilado por gangrena e um rosto marcado pela velhice precoce fazem parte das novas imagens chocantes criadas pelo Ministério da Saúde para impressão obrigatória nos maços de cigarro, a partir de 2009. Concebidas para provocar repulsa, as cenas tentam atingir o público jovem e foram apresentadas ontem pelo ministro José Gomes Temporão e pelo diretor-presidente do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini. O ministro classificou as imagens como "bastante impactantes" e disse que elas foram produzidas após pesquisa que analisou o impacto emocional em jovens de 18 a 24 anos. O feto é um boneco e as demais cenas foram produzidas com modelos, usando recursos de computação gráfica e maquiagem. O diretor-presidente do Inca disse que as cenas atuais não estão surtindo mais efeito. Já Temporão defendeu a taxação extra dos cigarros como forma de conter o consumo:

- Não há conversa com a indústria do tabaco. O cigarro brasileiro é muito barato, tem que ser muito caro.

O ministério estima que 23 milhões de pessoas fumem no Brasil. A cada ano, 200 mil morrem por doenças relacionadas ao tabagismo. O custo ao SUS chega a R$400 milhões/ano.

Temporão lançou também a nova campanha de rádio e TV, dentro da programação do Dia Mundial sem Tabaco, que será celebrado no sábado.

O ministro garantiu que o governo enviará ao Congresso o projeto que proíbe o fumo em ambientes fechados. A proposta está na Casa Civil. Segundo ele, a demora seria uma "questão tática", já que as atenções do Congresso estão voltadas, no momento, à regulamentação da Emenda 29.

O diretor da Iniciativa Livre de Tabaco da Organização Mundial da Saúde (OMS), Douglas Betcher, elogiou o programa brasileiro de combate ao fumo. O Brasil foi o primeiro país a ser avaliado pela OMS.

- O Brasil é um líder global no controle do tabaco - afirmou.

As empresas fabricantes de cigarros Souza Cruz e Philip Morris e a Associação Brasileira da Indústria do Fumo não quiseram se manifestar.