Título: Queda de juros perde fôlego
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 28/05/2008, Economia, p. 21

Em abril, taxa para consumidor caiu 0,1 ponto

BRASÍLIA. O crescimento do crédito se mantém a despeito da perda de fôlego na redução das taxas de juros. Segundo o Banco Central (BC), o juro médio cobrado do setor produtivo caiu de 26,5% ao ano em março para 26,3% em abril. Para as pessoas físicas, o recuo foi ainda mais inexpressivo, de 47,8% para 47,7% anuais. Na prévia de maio, até o dia 13, os dados começam a mudar. A taxa às famílias caiu 0,3 ponto percentual. Mas a das empresas subiu, 1,1 ponto percentual, puxando os juros globais do mercado em 0,5 ponto, para 37,9% ao ano.

Mesmo os números de abril mascaram duas realidades. Uma são as fortes altas já verificadas em segmentos importantes como cheque especial, consignado e desconto de duplicata. A segunda é que, após a retomada da política monetária restritiva, tende a minguar o espaço para que os spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do cliente final) patrocinem novas reduções das taxas, pois o custo de captação vai subir, segundo especialistas.

Esse impacto já é sensível. Tanto que, enquanto o spread das pessoas físicas caiu 0,7 ponto em abril, a taxa final só caiu 0,1 ponto. Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, "o que vai preponderantemente impactar os juros é o custo da captação." O vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), José Arthur Assunção, lembra ainda o peso da situação externa, que tende a pressionar por novas altas. (Henrique Gomes Batista)