Título: PT veta prévias
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Política, p. 10

Cúpula do partido estabelece que qualquer debate sucessório regional só deverá acontecer a partir de março de 2010. Intervenção nacional suspende decisão imediata sobre o candidato do partido no DF

Dilma: candidatura da ministra adia negociações nos estados O diretório nacional do PT decidiu ontem vetar a antecipação de debates sobre candidaturas aos governos estaduais. Qualquer debate sucessório regional só poderá ocorrer a partir de março de 2010. O partido deixou claro em resolução que a participação do PT nas campanhas eleitorais está diretamente subordinada ao comando da legenda e obedecerá aos interesses da sucessão presidencial. Foi uma intervenção às tentativas de lançamento ainda neste ano dos representantes petistas nas disputas locais.

A decisão do diretório nacional é uma tentativa de frear a consolidação de candidaturas do PT em estados como o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde a coordenação da campanha à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda negocia alianças com o PMDB para a provável campanha de Dilma Rousseff. Havia uma expectativa de que a resolução reafirmasse a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil à Presidência da República, especialmente depois que ela anunciou o tratamento para curar um câncer linfático. Isso, no entanto, não ocorreu.

Espera O PT de Brasília sofrerá as consequências da intervenção nacional. As prévias no Distrito Federal, marcadas para 16 de agosto, agora estão suspensas. Os petistas filiados poderiam escolher entre o deputado Geraldo Magela e o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz. Agora terão de esperar. ¿Nós só autorizaremos processos estaduais de escolha pelo voto, como prévias, encontros ou qualquer processo que haja votação, a partir do congresso do partido. A prioridade do PT é a eleição nacional¿, explicou o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Uma decisão antes de 2010 depende de consenso. Há um risco de que os petistas passem o ano batendo cabeça e só tomem uma decisão na véspera das eleições, como ocorreu em 2006. Magela garante que vai trabalhar por uma definição interna rápida, mas afirma que não pretende desistir da candidatura ao GDF. ¿Vou trabalhar pelo diálogo e pela construção de uma candidatura consensual¿, afirmou ao Correio. Agnelo não foi localizado ontem para comentar a decisão.

O presidente do PT-DF, Chico Vigilante, ficou inconformado com a decisão. Ele afirmou que pretende manter o calendário das prévias em agosto, como uma ¿consulta política¿ à militância do partido, apenas para demonstrar que Agnelo é o candidato preferido do partido. ¿O Magela não é candidato a governador. Ele é candidato ao Senado e está querendo usar o partido mais uma vez, como já fez em várias situações, para impor seu projeto pessoal¿, reclama Vigilante.