Título: Mangabeira promete revolução no trabalho
Autor:
Fonte: O Globo, 28/05/2008, Economia, p. 24

Ministro fala de projeto que ainda não tem e garante que será o maior desde Vargas

BRASÍLIA. Em audiência pública para apenas três senadores ontem na Comissão de Assuntos Sociais, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, disse trabalhar em uma proposta que seria a mais abrangente e ambiciosa de mudança nas relações entre capital e trabalho desde Getúlio Vargas, segundo suas próprias palavras. Reconhecendo que o projeto ainda não está pronto, disse que ele terá três pilares: redução da informalidade, inversão da queda da participação dos salários na renda nacional e reforma sindical.

Ele sugeriu que se reconheça, em lei, o papel das centrais. Para o ministro, que vem conversando com CUT, Força Sindical, UGT, CGTB, NCST e CTB, há uma fragmentação, o que impede que os agentes sindicais do atual modelo sejam capazes de negociar acordos no âmbito nacional:

- No regime atual há muitos sindicatos que não representam ninguém.

Outra sugestão é a substituição do imposto sindical por uma contribuição aprovada em assembléia do sindicato, obedecendo a um teto e proporcional ao salário médio dos filiados.

Mangabeira disse que os empresários querem uma desoneração da folha de pagamento. Mas concedê-la sem contrapartida seria um equívoco. Uma alternativa sugerida pelo ministro é a participação do funcionário nos lucros. O encargo dos empregadores com os funcionários é apontado como motor da informalidade no Brasil.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) previu negociações difíceis:

- Isso aqui é polêmica pura. Vai dar muito pano para manga. (Catarina Alencastro, do Globo Online)