Título: E-mail de líder morto liga Chávez com as Farc
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Fonte: O Globo, 28/05/2008, O Mundo, p. 30
Última mensagem enviada por Marulanda à cúpula das Farc menciona doação de US$300 milhões à guerrilha
BOGOTÁ. A última mensagem eletrônica que o falecido número 1 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Manuel Marulanda, o "Tirofijo", mandou para sua cúpula faz menção à doação de US$300 milhões que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria oferecido à rede e diz que o mandatário parecia querer usar a guerrilha para fortalecer seu "projeto geopolítico" na região.
A mensagem reforça a tese de fortes ligações de Chávez com a guerrilha.
No texto, datado de 20 de novembro, Marulanda pede a seus seis secretários para "consolidar relações de boa vizinhança" com a Venezuela. Também solicita que seja esclarecido se a oferta seria por "empréstimo ou por solidariedade", segundo divulgou o jornal "El Tiempo".
Chávez queria fortalecer seu projeto geopolítico, diz e-mail
"Dá a impressão de que o homem (Chávez) está interessado fazer um aporte à causa bolivariana das Farc para conseguir fortalecer seu projeto geopolítico em vários países", diz Marulanda no e-mail.
A mensagem foi encontrada no computador apreendido do número 2 da guerrilha, Raúl Reyes, morto durante uma operação do Exército colombiano no dia 1º de março. Já Tirofijo morreu em 26 do mesmo mês, segundo as Farc, de infarto.
A mensagem também fala do encontro "do camarada Iván Marques", membro da guerrilha, com o presidente Hugo Chávez e a senadora colombiana de oposição Piedad Córdoba.
Chávez vem negando a veracidade dos arquivos, mas análises da Interpol atestaram que os dados do computador de Reyes não foram adulterados.
Novo número 1 é condenado a 40 anos de prisão
Ontem, o novo líder das Farc, Alfonso Cano, foi condenado a 40 anos de prisão pelo fuzilamento de um número indefinido de guerrilheiros dissidentes. A decisão da Justiça da cidade colombiana de Villavicencio (Centro Oeste) não foi a única do dia contra líderes da guerrilha.
Horas antes, o Tribunal Superior do departamento de Antioquia impôs uma sentença parecida à cúpula das Farc, incluindo Cano e o falecido Marulanda. Os chefes da guerrilha foram condenados pelo seqüestro, seguido de morte em cativeiro, do governador de Antioquia Guillermo Gaviria e do ex-ministro de Defesa Gilberto Echeverri Mejía, em 2003.
Alfonso Cano, cujo verdadeiro nome é Guillermo León Sánchez, ainda não deu sinais dos rumos que dará à guerrilha desde que foi confirmado no posto, no domingo. Ontem, o governo da Colômbia reiterou que está aberto a dialogar com Cano assim que ele divulgar que orientação política dará à organização.