Título: Área de proteção é invadida
Autor: Rocha, Leonel
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Brasil, p. 13

Sem-terra ocupam mata no trecho da chamada reserva legal, destinada à conservação ambiental. Grupo fez manobra para escapar de retirada ordenada pela Justiça e simplesmente foi para outro município

Centenas de sem-terra invadiram uma área de preservação ambiental da Fazenda Espírito Santo, do Grupo Santa Bárbara, localizada entre os municípios de Xinguara e Curionópolis, no sudeste do Pará. São os mesmos que já ocupavam, desde o ano passado, outra localidade dentro da mesma propriedade, conhecida como Baixa da Égua. A invasão de área da chamada reserva legal da fazenda foi denunciada pela empresa à Secretaria de Segurança e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Segundo a advogada da agropecuária em Marabá, Brenda Santis, os funcionários da fazenda constataram que os novos barracos já causaram desmatamento proibido por lei.

Segundo relato da advogada, entregue ontem na Delegacia Especial de Crimes Ambientais (Deca) de Marabá, o novo acampamento fica na região central dos 3,6 mil hectares da propriedade e a cerca de 7km da invasão inicial. A distância entre as duas invasões permitiu que os sem-terra atravessassem a divisa de um município, que corta a propriedade, para escapar da ordem de desocupação determinada pela Justiça e há dois dias comunicada aos sem-terra.

A invasão original localizava-se em uma área do município de Curionópolis. A nova ocupação está encravada nas terras de Xinguara. ¿Já informamos ao juiz esta tentativa de burlar o cumprimento da sentença¿, informou Brenda Santis. Segundo ela, os invasores são ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf). A mudança do local do acampamento, além de ficar em região mais escondida, obrigará a empresa a entrar com nova ação de desocupação na Justiça em Xinguara, já que o fato delituoso está ocorrendo em outro município.

Descoberta Com essa, é a terceira área invadida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Fazenda Espírito Santo. Na frente da propriedade, estão cerca de 400 famílias, acampadas desde o ano passado às margens da PA-150. Uma outra área foi invadida por colonos ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri). ¿MST, Fetraf e Fetagri cumpriram a ameaça feita nos últimos dias¿, diz a nota do Grupo Santa Bárbara.

O acampamento foi descoberto quando os funcionários da Santa Bárbara circulavam pela fazenda. Eles não sabem informar ao certo quando começou a nova invasão, já que é localizada dentro da mata e os vaqueiros e seguranças não se aproximaram dos barracos, que são difíceis de serem vistos. Não se sabe ao certo quantas famílias ou o número de barracos já levantados. A delegacia de Conflitos Agrários de Marabá estava funcionando ontem com apenas um funcionário da limpeza, que não soube informar as providências tomadas. Quando a advogada da agropecuária tentou registrar o boletim de ocorrência pela manhã, os computadores não estavam funcionando e ela teve que deixar o registro em um ofício encaminhado ao delegado.